......“Fantasias de Manuel Alegre”, foi a oportuna resposta de Sócrates a um jornalista que referiu o poeta como autor de algumas críticas à actuação do Governo, mormente em determinadas áreas que geraram alguns conflitos de carácter popular.
......É como quem diz, que a governação não se faz com inspiração poética. A realidade do país impõe-se prosaica e duramente à capacidade da solução dos problemas que nela se geram a cada instante e exige eficácia pronta de quem nos promete essa garantia.
......Criticar de ânimo leve, dando força à demagogia fácil, é o logro em que as pessoas mal avisadas e de boa fé se deixam aliciar . Dar saúde exige remédios que, temporariamente, podem causar mal estar ao doente . O tratamento às vezes dói. Urge lancetar a frio. Não há tempo para paninhos quentes. Extirpados os mal-ruins será preciso dispor dum aparelho eficaz para atalhar as metástases que entretanto se espalham por todo o corpo. E essa é a maior preocupação de primeiro-ministro,
......Fala-se em equilíbrio e equidade. Mas são exactamente estes os parâmetros que estruturam e orientam a acção governativa. Não vejo onde, concretamente, tenha havido desvios desses princípios para pôr a casa em ordem. Pelo contrário, é no sentido de acabar com as desarmonias sociais e desaforos na aplicação da justiça, que Sócrates procura nortear a sua política. Contra a inflexibilidade desta luta, é óbvio o fundamento do clamor dos que se sentiam protegidos por uma situação de alheamento, ou mesmo favorecimento, das suas desonestidades.
...... Perigo para o PS
Alegre lembrou que as presidenciais de 2005 em que ficou em segundo lugar, com mais de um milhão de votos, à frente do candidato do PS, Mario Soares. "Fomos lá uma vez e eles perderam".
Eles, são os outros, os do PS
Finalmente, cabe aqui perguntar : Será Manuel Alegre apenas um poeta fantasioso ou, antes, um demagogo politicamente ambicioso ?
6 comentários:
Na ausência de oposição séria e credível ele é - tem que ser - a voz dos que sentem que não basta impôr sacrifícios: é preciso usar de equidade. Enfim, um símbolo de um Abril que não arreda pé!
Caro professor:
Peço desculpa por esta segunda intervenção, mas alguns dos seus comentários merecem alguma reserva.
Primeiro: Devo confessar que não sendo socialista votei em Manuel Alegre.
Segundo: a pertinência dos comentários de Alegre (sobretudo em certa desarticulação no sector saúde) foram acolhidos por Sócrates ao fazer uma remodelação no elenco governativo.
Terceiro: Alegre está a falar por si e por um movimento não clandestino (MIC) que se assume como consciência crítica do PS.
Quarto: Se isso é ou não embrião de um futuro partido só Deus sabe, mas, se o governo corrigir alguns erros de trajecto, algumas cedências a um populismo direitista, talvez nunca se consume tal previsão, que, à partida, eu pessoalmente não apoio.
Quinto: a poesia é um despertador de consciências e nunca um narcótico sedutor para alimentar sonhos de megalomanias politiqueiras. Haja respeito por ela.
Um pequeno reparo: no tocante à política prosseguida na educação, o método de avaliação propugnado, parece-me um tanto centralista e mais virado para combater o défice orçamental do que o défice democrático. Há uma notória governamentalização à vista. Poderá ser usado contra os próprios socialistas se houver uma mudança governativa.
Respeitosos cumprimentos.
Bem haja!
Rouxinol Amigo:
Estamos em Democracia.
A cada cabeça a sua sentença
E, sabe, gosto imenso do seu cantar.
Caro Professor Dimas Maio,
A última intervenção de Manuel Alegre faz, quanto a mim, todo o sentido, na medida em que alerta para certos "desvios" da governação e que tendem a aumentar o nosso mal estar social. Tomo essas declarações como um "travão".
De facto, era necessário fazer-se reformas e fizeram-se algumas; mas, sinceramente, não foram feitas aquelas que poderiam, e deviam, trazer mais justiça e bem estar social. Exemplos não faltam.
Um grande problema, creio eu, é o "desalinhamento" ou fuga aos princípios que defendemos e o desrespeito pelos valores que fazem parte da nossa cultura.
Críticos despeitados sempre os houve. Mas nesta altura aparecem sociólogos, pensadores e analistas que se preocupam com a situação que se vive. Um deles, o General Garcia Leandro, apontou a realidade nua e crua; e ao pé desta séria chamada de atenção (bem acolhida, devo dizer) a intervenção de Manuel Alegre, embora com boa intenção (mas aproveitada por alguns oportunistas que lhe são próximos), não passa disso mesmo: uma intervenção, que o Primeiro Ministro levou em conta.
Como diz o ditado, "cada cabeça sua sentença", e por isso perdoar-me-á todo o meu palavreado.
Cumprimentos.
Manuel Figueiredo
Permito-me mais uma achega:
A presença do Sr Presidente da República na SEDES, alertando para uma situação de «crise» na actual conjuntura, vem reforçar o que diz Manuel Alegre.
Reformar sim, mas que o «tratamento» seja sensato e não provoque danos colaterais. Há tratamentos que podem molestar ainda mais o «doente»...
O «carácter» dos partidos vê-se nesta capacidade de se autoregenerarem.
M.A. é dentro do PS aquilo que em tempos foi Salgado Zenha: a tal «reserva moral» de que falava Soares...
Que o «unanimismo» não nos tolha o ideal e que a pluralidade possa servir de «janela» para renovação do ambiente são os meus votos sinceros.
Caro Rouxinol
Não digo de Bernardim, porque esse tinha um cantar lamentoso e as águas o levaram...
Este, pelo contrário, é bem alegre. E como eu gosto dos seus lindos trinados!
Entretanto, pesar me traria alguma sua grande desilusão pelo caminho do tempo que passa...
Cumprimentos
dimasmaio
P.S. dimasmaio@netcabo.pt
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