domingo, setembro 24, 2006

ELOGIO / BAJULAÇÃO;
AUTO-ESTIMA / VAIDADE

Publicado em " O Comércio da Póvoa ", n.º 16 de 22.04.04
(... )
Proponho-me hoje reflectir sobre ambientes, atitudes e estados de personagens ou actores de cena no palco da vida .
Assim as dicotomias, elogio / bajulação; auto-estima / vaidade, servem-me de tema para desenvolver, analisando, de meu ponto de vista, os modos de acção ou comportamento dos indivíduos que, de algum modo, assumem voluntariamente responsabilidades sociais.

Registe-se a advertência de que a minha dissertação não pretenderá atingir directa ou insinuadamente, alguém do nosso restrito espaço ou tempo actual, mas não nego que, ao escrever, estou a pensar em factos e pessoas que ocupam a minha memória de já longa e experimentada existência .

Elogio, por oposição a bajulação , é que aquele é sincero e esta é hipócrita ; um vem do coração, a outra da boca . Alguém disse: “não tenha tanto medo dos inimigos que o atacam como dos amigos que o bajulam”
Pessoalmente, prefiro observar a obra ou o trabalho bem concebido, enaltecendo o seu promotor ou realizador a apontar defeitos de que eu próprio me teria de recriminar. Nem os santos são perfeitos. O elogio sincero – passe o pleonasmo – estimula a auto-estima e o elogiado, intimamente, compromete-se a corresponder ao conceito que dele fazem. Agradece pela acção, mais que por palavras . Li algures que “um homem, seja qual for a sua situação, faz um melhor trabalho sob um espírito de aprovação que sob o espírito da crítica”.

A bajulação, pelo contrário serve ao vaidoso. Consiste em dizer a este , justamente, o que ele pensa de si mesmo. O vaidoso é atoleimado. Enfatuado, normalmente é arrogante. Julga-se superior a tudo e todos. Vangloria-se de algum sucesso que atribui fraudulentamente a si , tentando obscurecer o mérito de outrem. O bajulador não o serve mas serve-se dele . Rebaixa-se para obter mercês, mas quando aquele cai na desventura é o primeiro a desprezá-lo

. A auto-estima é outra coisa . O indivíduo justo, procura corrigir os seus erros e agir de modo a ser positivamente apreciado e, em consequência, gostar de si próprio com modéstia. Reconhece os amigos, sem olhar à sua condição social. Preza a justa apreciação do seu trabalho e agradece-a como um incentivo a prossegui-lo.

Não julgo porém que não deva ter a preocupação de registar para a história o sucesso da sua dedicação à Comunidade. Um nome prestigiado, sobreleva os valores materiais que possa transmitir aos seus..
É nesta coerência que ma apraz observar “o que está bem” e louvar ( não louvaminhar) as pessoas que concorrem ou concorreram para esse estado de aprazimento público. Digo “o que está mal”, nunca será de mais repetir , com observância do bom senso, para não ferir susceptibilidades. Faço-o com uma constatação e espírito cooperante quando se trata de despertar a atenção para o que será possível corrigir ou melhorar, nunca pelo (des)prazer da censura. Contudo, a condenação incisiva , acontece quando do comportamento desleixado, aberrante ou criminoso dos indivíduos, face às regras de boa convivência ou valores sociais.

sábado, setembro 16, 2006

AVER-O-MAR - PAISAGEM TÍPICA


Estes “montes de sargaço”, cobertos com colmo, para relembrar uma actividade intensa, relevante para a economia das gentes de Aver-o-Mar, resultam de uma ideia do Presidenta da Junta, com o objectivo de atenuar a aridez paisagística dos espaços abandonados à acumulação de lixos e estendais de miséria que, em parte, conseguiu debelar .
É também, de sua imaginação, um motivo turístico, que lhe foi possível criar, a despertar a curiosidade dos visitantes pela cultura do povo averomarense, aqui, assinalando a actividade característica do “seareiro”, trabalhador da terra e do mar.
Eram, então, acumulados ao longo da estrada marginal para facilitar o carregamento e transporte pelos compradores que utilizavam o seu conteúdo como fertilizante dos terrenos areentos, geralmente no cultivo da batata e da cebola.
Esta actividade, da apanha do sargaço, praticamente acabou, porque os campos foram transformados em estufas de produtos hortícolas, adubados com o lixo da cidade transformado em fertilizante de mais rápida assimilação, compatível com o período mais curto de desenvolvimento e sazonação das plantações.
De princípio, a laboração fazia-se nas modalidades de barco, de cortiço ou de beira.
De barco ou de cortiço, o instrumento da apanha era a ganchorra; na beira, na "comprente" ( incorrecção de complente, maré cheia) era a graveta. Estes utensílios eram característicos dos sargaceiros de Aver-o-Mar. Noutras localidades, como em Apúlia usavam o mais comum, que seria o ganha-pão ou quejandos.
Por isso, seria interessante, na impraticabilidade de colocar naquela cercadura um exemplar de cada dos utensílios que refiro, seria interessante, digo, expô-los, em imagens num painel, com as respectivas legendas.

segunda-feira, setembro 11, 2006

PÓVOA AMADA


A Póvoa está demasiado atraente e oferece-se , em cada ano, mais donairosa, a novas paixões.

Neste particular, a grande dama, é bem servida pelos seus mordomos que se esmeram em a aprestarem de vantajosos equipamentos e a revestirem-na de requintados adereços. E assim a apresentam em constantes eventos, culturais e festivos, tornando-a progressivamente mais cativante e ampliando a longitude da sua notoriedade .
Não tenho dúvida alguma em fazer esta afirmação, porquanto pessoalmente constato, que a nossa cidade está bem cuidada em toda a sua área, desde as praias ao seu limite do interior. Bem empregado o pessoal de jardinagem e limpeza, redobrado na época balnear que ora finda.

Não faltou imaginação aos promotores da organização de festas e divertimentos. Houve a manifesta preocupação de uma actividade lúdica constante.

Gente de todos o quadrantes geográficos e camadas sociais, invadiu a nossa terra, como se fora a prometida para um descanso, mais psicológico ( do stress) do que físico. De férias bem passadas se hão-de sentir felizes os nossos invasores, refeitos para um novo período, naturalmente árduo de luta, no seu posto mais ou menos avançado, do campo social.
Passavam por mim pessoas que falavam, entre si, inglês francês ou espanhol... E também emigrantes que chamavam os seus "cheris pour aller à la plage" . Será possível um espaço mais cosmopolita que este ?

Comecei por dizer que a Póvoa está “demasiado” atraente. Por que sinto isso? Imagine-se a multidão compacta que nem espaço me deixava para o meu caminhar , exercício de manutenção, recomendado pelo médico. E, como eu, meus amigos, de que me queixo também de dificilmente os encontrar para a imprescindível saudação jovial.

Para ilustrar este meu texto, permiti-me copiar a imagem do blog“ (garatujando.blogs.sapo.pt) de meu dilecto amigo Carlos Ferreira. Consultá-lo para apreciar a sua arte, mormente no que se refere à Póvoa , é recomendação que aqui deixo.
Não quero terminar sem apresentar congratulações aos mordomos, que tão bem têm servido a nossa PÓVOA AMADA.