quarta-feira, dezembro 20, 2006

IRONIA ESQUIZOFRÉNICA

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Aqui há tempos, ouvi, pela rádio, um médico, de elevada posição social, ditar um diagnóstico sobre determinadas entidades que, com certeza, não têm consciência da realidade do mundo em que vivem, não se dão conta que sofrem de “esquizofrenia”(disse ele). Os doentes que o clínico citou, um grupo de três , exemplares de uma vasta classe, intitulando-se "o Paciente Social" que, pelos vistos, se imaginam num mundo “fantástico”(termo muito em voga, hoje) em que tudo se ordena e resolve, pela prevalência do diálogo entre os elementos colaborantes, para o aclaramento e solução das questões de interesse público. Chamam a isso procedimento democrático.
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Dissequemos com o bisturi de cirurgião os pressupostos que o levaram aquela sentença:
- “são esquizofrénicos” !
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- O médico não é de competência psicológica e, actualmente, o seu múnus é, exclusivamente, de altíssima responsabilidade administrativa, merecendo a confiança de quase a totalidade de um povo que o elegeu, o que lhe vai muito bem com a sua eminente personalidade.
- Os indivíduos sentenciados pelo ex-facultativo, mostraram uma flagrante incoerência quando contestaram o aumento proposto das tarifas de recolha do lixo e das facturas da água. Só por um desvio patológico de suas mentes, podem pensar que as emblemáticas obras em curso, merecedoras do seu pleno e entusiástico acordo, se poderão concluir sem algum sacrifício dos munícipes, aliás, por elementar justiça , os mais directamente beneficiados.
- Já basta termos de lamentar o incumprimento da tal “intervenção fantástica” nas praias de Aver-o-Mar. Mas, o senhor Presidente , em “ocasião oportuna”, declarou, solenemente, que fará tudo o que prometeu ainda dentro do seu mandato. Por indesmentível mérito próprio, a sua reeleição acontecerá sucessivamente, ad aeternum , mas ia poder jurar que a promessa é para satisfazer dentro da sua actual etapa. Deo gratias !
- Finalmente, só por uma questão de deformação profissional, o que acontece a muito boa gente, o ex-médico levou à conta de sintomas os elementos considerados e, vai daí, o diagnóstico:
- São esquizofrénicos !

quarta-feira, dezembro 13, 2006

B L O G O S F E R A

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"BLOGGER POVEIRO"

Blogosfera é o ciberespaço, espaço virtual constituído por informação que circula nas redes de computadores e telecomunicações. Cibernauta - pessoa que utiliza a Internet regularmente.

Daí, imaginar-se um universo, um cosmos, onde gravitam astros e asteróides com os cibernautas a tentarem a descolagem de suas órbitas , atraídos pela magia da descoberta de novos mundos e com eles estabelecerem comunicação.
Para além do encanto das ligações anulando distâncias e estabelecendo, sem peias, permuta e confronto de ideias entre os comunicadores, os usuários dos bloggers , há as relações humanas, de empatia, de solidariedade, que acontecem mesmo entre desconhecidos, exactamente favorecidas pela utilização dessa ferramenta universal

A criação do Blogger Poveiro (blogs e sites poveiros) é, neste capítulo, uma ideia sublime. Digamos que é um pequeno espaço de globalização, que facilita o conhecimento e a consulta dos diversos blogs nele alistados. Está, pois, de parabéns o seu criador.

Muito de lamentar seria se este espaço de eleição fosse conspurcado pela indecência, pela obscenidade que são, eles mesmos, alguns blogs anónimos. Espero bem que essa cobardia seja definitivamente afastada desta colecção que tem a promessa ou todas as garantias de sucesso.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

SER E SABER SER POLÍTICO 1

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Esclarecimento

Para prevenir a hipótese de não ter sido muito claro no meu anterior post e, por isso, o consequente receio de poder ser mal interpretado, quanto ao objectivo pretendido, vou retomar o tema do título, reabrindo-o, exactamente, com o termo chave, “altivez” , inserto na passagem que transcrevo:

- “Às constantes provocações de seus agressivos antagonistas, a personalidade forte, defende-se com o escudo de sua altivez. Não cai na asneira de usar arma idêntica de arremesso.”

Altivez , que no caso concreto, a nível local , em que o presumível leitor pode pensar que me refiro, seria justo interpretar como soberba; arrogância; intolerância e, daí, concluir-se não ser, o termo, atributo da entidade provocada, mas sim do sujeito provocador . Realmente, assumir a posição de inalterável arrogância de “ quero, posso e mando”, é absolutamente condenável em democracia, uma provocação para quem tem o legítimado direito de ser ouvido em todos os actos ou projectos de interesse da comunidade. A afirmação das posições opostas faz-se pela prevalência da argumentação, em diálogo vivo, mas de respeito pela personalidade do adversário, em alternância de ideias ou pontos de vista, não como inimigo.

Altivez, no sentido em que empreguei o termo e numa perspectiva virtual , de abstracção, meramente pedagógica, significaria: elevação; brio; orgulho; majestade; nobreza .

Assim, fica concretamente esclarecido que, repito, “às constantes provocações de seus agressivos antagonistas, a personalidade forte, defende-se com o escudo de sua altivez . Não deveria cair na asneira de usar arma idêntica de arremesso.

domingo, dezembro 03, 2006

SER E SABER SER POLÍTICO

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Apenas uma pequena introdução para dizer que, o que a seguir exponho, não tem uma finalidade ou rumo pessoal concretamente definido mas, tão-somente, porque quero deixar aqui publicado o meu conceito sobre o tema que sintetizo no título acima . Esse é o meu isento e único objectivo.

Estar, hoje, na política tem as suas regras, nem sempre atinentes a uma boa formação moral.
Contudo há , felizmente ainda, quem não abdique da sua dignidade, da sua honradez de carácter, não obstante saber que, para alcançar e se manter em lugar politicamente relevante, não poderá, em frequentes situações, usar da frontalidade inerente à lisura do seu corrente e normal comportamento.
Não terá, necessariamente, de ser dissimulado, mas deverá saber acautelar-se, munindo-se de boas armas, para se defender daqueles que o são. Prevenir-se contra o fingimento, a astúcia, a manha de seus inimigos e, sobretudo, de falsos amigos ( nesta área é onde existem os maiores traidores), por pretensão do lugar que ocupa, ou por despeito e inveja de seu elevado prestígio social terá de ser a preocupação da personalidade moralmente sólida para não ter, por incauto, de se queixar de vitimização.
Às constantes provocações de seus agressivos antagonistas, a personalidade forte, defende-se com o escudo de sua altivez. Não cai na asneira de usar arma idêntica de arremesso. A cilada da tentação da resposta atá-lo-á, com os liames do descrédito, perante o cidadão informado que saberá distinguir e compensar a probidade do político que ele respeita e, por ventura, elegerá para um hipotético cargo público de responsabilidade política.

domingo, novembro 26, 2006

T A L A S S O T E R A P I A

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"Manuel Agonia investe em unidade de Talassoterapia em Aver-o-Mar"
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Sob este título, nos periódicos locais, foram prestadas informações pormenorizadas de que deduzi estar-se perante uma intervenção não fantástica, mas real, a curto prazo. Deve ser considerada como a mais vantajosa e promissora obra de valor turístico nesta vila, cujas praias têm uma aliciante beleza natural. São fascinantes e tentadoras do desfrute de seus admiradores. Estes são todos os que, com os olhos, têm o prazer de as mirarem, do ar tonificante respirarem, o regalo de nas suas límpidas águas mergulharem e sobre suas brancas areias poderem repousar
Ao reconhecer o interesse público do projecto , a Câmara municipal deu um forte impulso à sua concretização que estará agora apenas dependente do parecer das instituições estatais quanto ao seu potencial interesse Nacional (PIN)”
O projecto mereceu o elogio unânime dos vereadores socialistas e social-democratas”.

É de uma estância de saúde que se trata , mas para além da “estrutura de talassoterapia terá uma unidade hoteleira acoplada”.
Imagina-se a mais-valia para a Póvoa. Para além dos postos de trabalho que se criam pode imaginar-se um pólo de atracção, um núcleo a irradiar linhas de força para o desenvolvimento e expansão de outros focos de interesse público ou privado que se sustentem para além do veraneio.
Imaginativo e empreendedor é o empresário de cuja ousadia a grande Póvoa tem colhido benefícios. Haja em vista a meritória criação do grande estabelecimento hospitalar “Clipóvoa”. Apenas este exemplo para definir e confiar na acção do homem que jamais quer estar parado.
O nosso Município, com toda a justiça, propõe-se derrubar as barreiras burocráticas que possam impedir ou retardar a OBRA Confiemos no sucesso da sua intervenção que desejamos, desde já, aplaudir.

Diz-se que está prevista a instalação numa praia a que alguém resolveu denominar “praia das velas”. Estranho essa designação. Eu que, como pescador amador, vezes sem conta, de noite ou de dia, calcorreei todas as reentrâncias que a imagem mostra, desconheço tal praia. Será que quereriam dizer “praia das canas” , também chamada “praia da caninha”, muito próxima do “cabo de carreira” dos penedos de Santo André ?
Pois, ali, naquele areal, ao abrigo daquela penedia que vai pelo mar dentro, o majestoso trono de Neptuno, ali, naquele amplo espaço onde, na imagem, se divisa o valo verde de chorões, é que ficaria bem implantada a talassoterapia e o edifício do hotel.

domingo, novembro 19, 2006

A PROMETIDA "INTERVENÇÃO FANTÁSTICA " EM AVER-O-MAR

belas ruinas - "grande atracção turística nas praias" - Aver-o-Mar

O fantástico não se vê. Isto sim , é o real ! É piramidal! É tão antigo como as pirâmides do Egipto ! Tem o mesmo valor histórico ! Não se meta, aqui, o "camartelo do progresso". Se o fizerem, os averomarenses clamarão contra a barbária!

sábado, novembro 18, 2006

. . .MEU CONCEITO DE CRÍTICA

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Ainda a propósito da “Candeia de Demóstenes”, ocorre-me a referência à reacção de determinados políticos da nossa proximidade face à critica a que, pelos seus cargos de responsabilidade social, estão naturalmente sujeitos.

Se a apreciação pública que deles se faz lhes é manifestamente elogiosa, imagina-se que ficam ufanos mas, fazem questão de se mostrarem superiores, não reparando nos agentes ou autores do elogio: estes, nem em bicos de pés, ficam à altura do seu pedestal. A sua cabeça, laureada pelos louvaminheiros, não admite que possa haver alguém que, assim como os enaltece por actos ou comportamentos meritórios, use da mesma honestidade e isenção para os censurar pelas acções ou actividades consideradas menos ajustadas a personalidades que, por princípio, se obrigam a bem servir a comunidade que, da sua empenhada acção, legitimamente, espera justos benefícios .

Fazer crítica não é, necessariamente, dizer mal, como vulgarmente se entende; dizer bem, também não é, reversamente, louvaminhar como, lamentavelmente, o fazem os aduladores, tão do agrado, e merecendo favores, dos adulados.

Em suma, crítica, de meu senso, não será, nunca, maledicência por (des)prazer ou má vontade contra quem, hipoteticamente, não mereça simpatia do autor.

Criticar comportamentos, acções ou obras de entidades políticas, na área de sua responsabilidade, não é assim tão simples como poderá parecer ao cidadão pouco ou mal informado. Este objectivo carece de plena isenção e honestidade do agente crítico que, ainda por imperativo de credibilidade , deverá valer-se de uma argumentação sólida para, categoricamente afirmar o seu parecer .

Este é o conceito de crítica de que eu, aqui, declaro firmemente comungar .
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Veja-se, em arquivo de Setembro, o post : "ELOGIO / BAJULAÇÃO. - .AUTO-ESTIMA / VAIDADE"

sábado, novembro 04, 2006

COM A CANDEIA DE DEMÓSTENES À PROCURA DE UM HOMEM

A propósito da imagem e o que ela confirma do comportamento de certos políticos, ocorre-me a metáfora da “candeia de Demóstenes” :

Demóstenes, grande orador e político grego, de candeia acesa pelas ruas de Atenas, procurava, em vão, um homem...

A figura que aqui se vê, a um nível inferior e sorrindo para agradar à que aparece sobranceira e condescende em estender-lhe a mão, não tem, com toda a certeza, a mínima semelhança com a estatura moral do homem que o filósofo, debalde, buscava .

Pode dizer-se que ambos se cumprimentam reconhecendo-se mutuamente pela baixeza da sua dignidade. Sim, o mínimo que me permito censurar é a sua falta de amor próprio. As suas consciências moldam-se e acertam-se pelas conveniências políticas, em tempos oportunos, para ambos.

O senhor, o de maior estrutura física, na sua entrevista pela jornalista Judite de Sousa e, reiteradamente, em público, sempre que questionado, diz serem mentira todas afirmações de desconsideração que proferiu acerca do Continente. Nega o que tem sido por demais evidente, inclusive a chantagem da ameaça da independência. Agora diz: “amo a minha pátria que é Portugal” ; “lutando pela Madeira, sou português a querer o melhor para o meu país” . É mais ou menos com isto que, em substância, se afirma “o grande patriota”

Do outro, do baixinho, o menos de que se pode falar e é por demais suficiente, é a sua falta de brio da sua postura submissa, a tocar as raias da humilhação.
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O cúmulo do ridículo, é que, por último, os papeis parecem inverterem-se: o maior, o que tinha desprezado o mais pequenino, promete a este que se ele, "grande amigo", for primeiro ministro, como augura, estando reformado da política, se prestará a ser o seu motorista.
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Sendo assim, com o descrédito deste exemplo, Demóstenes, hoje, de candeia acesa pelo caminho da política , encontraria um homem ?
Nestas tristes figuras, não, com certeza !

sexta-feira, outubro 27, 2006

O PRESTÍGIO DO PROFESSOR

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Nesta circunstância, de todo o barulho a que a classe docente, actualmente, se entrega para reclamar os seus direitos, que julga postergados, é, de meu parecer, oportuno, reeditar neste blog, o texto que, no jornal " Comércio da Póvoa" de 20 de Outubro de 1994, publiquei com o título:
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A MINHA HOMENAGEM AO PROFESSOR PRIMÁRIO

Tenho profundamente arreigado na memória aquilo a que poderei chamar o meu primeiro e solene acto público.

É verdade, prevenido com muitas recomendações, tremendo de medo e de ansiedade, parecendo também alegre e feliz, parto com um pequeno bando a caminho da “ Escola dos Sininhos”. Todos, de cara bem lavada e de fatinho domingueiro, saímos de Aver-o-Mar, muito cedo para nos encontrarmos, na Póvoa , na sua casa da Praça do Almada , com a Senhora Professora, ainda a tempo de recebermos os derradeiros conselhos, antes do exame.
Já não são ralhos, advertências ou receios que ela nos transmite, mas, sim, incentivos e a convicção que cada um de nós - ela dirige-se a cada um em particular – está perfeitamente apto a passar no exame.

Era a atitude psicologicamente correcta, no momento próprio.

Como nós, outros bandos de outras freguesias abandonavam os seus ninhos a caminho do final da etapa, meta donde alguns se desgarrariam das origens, encetando , sozinhos, largos voos para outras paragens prometedoras de melhor vida que a dos seus progenitores.

Aquele exame público da 4.ª classe era realmente o fim dum duro ensaio de voo que tínhamos que fazer , não sem algumas bicadas dos nossos mestres que não admitiam fracas vontades ou preguiças. Eram dolorosas as bicadas? Se eram, na altura, penso que todos, sem excepção, têm-nas, hoje, à conta de bem empregadas e narram-nas, aos filhos, com saudade e referências carinhosas aos seus autores.
Na minha conta, tenho que me queixar das muitas que não levei, porque, das poucas que sofri, não me lamento de nenhuma.

Foi minha professora a Sr.ª D. Maria Clementina Cunha, saudosa senhora , conhecida, no seu meio, por D. Mimi, ligada à família Santos Graça pelo casamento com o Sr. Alfredo Graça e mãe do distinto médico que tem o nome próprio do seu progenitor.

Ainda hoje me interrogo como era possível para, além de conter, ensinar quatro classes de passarada chilreadora e turbulenta, que, não cabendo nas carteiras, se empoleirava em grandes bancos, no funda da sala, e ainda se acocorava no chão ?

Que métodos, que estratégias,a adoptar para tal ensino ?

Mesmo assim, todos os anos, havia os exames da 4.ª classe e os alunos propostos, passando por prova oral pública, com a assistência dos pais e de outros educadores, não deixavam ficar mal a sua professora. Não me esquecerei, nunca, do sorriso de satisfação e da última carícia que então dela recebemos, quando cada um de nós lhe narrava a sua prova e lhe comunicava o bom êxito do seu exame.

Como muitos outros da sua geração e ainda de gerações a seguir e mais recentes, aquele era o momento mais gratificante de todo o esforço sobre-humano de um duro trabalho e de angústia, sempre reiniciado, em cada ano, obrigatoriamente, até aos 60 anos de idade.

E que responsabilidade, meu Deus ! Do seu trabalho dependia, até para aqueles que prosseguiam os seus estudos , toda uma base sólida para o edifício completo da sua formação

Hoje, sem querer censurar, mas, forçosamente, constatar, que não faltará o brio profissional a muitos professores, que os tempos são outros, os valores mudaram e, comparativamente, o menor sacrifício é mais bem pago.

O pedagogo, no sentido etimológico da palavra, acabou !
E, para terminar, só mais esta constatação: uma professora do “ensino básico” recentemente aposentada, aufere mais que o total das pensões dos seus dois progenitores, também professores primários aposentados.

E, para acabar, mesmo, só falta o lugar comum: “ A culpa é do SISTEMA !”

Dimas de Castro Maio

domingo, outubro 22, 2006

PAGAR O JUSTO PELO PECADOR


No tempo em que, no Colégio D. Nuno, me preparava para fazer o exame de transição do “Curso do Comércio” ,que então tinha completado, para o “Curso Liceal” era , nessa altura, professor de Matemática o médico poveiro, Sr. Dr. Vieira Trocado.

A sua inteligência superava qualquer dificuldade de adaptação a esta sua segunda actividade. Era conhecedor da matéria que, muito bem, sabia transmitir aos seus alunos.

Tinha também uma particularidade que eu aprecio: a jovialidade, e não deixava fugir uma oportunidade para descarregar o seu constante bom humor:

Um colega de turma, João Freitas de seu nome ( que veio a ser Director do Hospital Psiquiátrico de Gelfa, situado entre Vila Praia de Âncora e Caminha), irrequieto por natureza, durante uma aula do Dr. Vieira Trocado, teria feito barulho com um objecto, caído da carteira, interrompendo o nosso bom professor em plena explicação da matéria sumariada.
Acto contínuo, o mestre, que apontava para o quadro com um comprido ponteiro, voltou-se e serviu-se do mesmo para chegar ao cocuruto do amigo Freitas .

- Não fui eu ! - diz o suspeito
- Ah não ?! – respondeu, o sempre folgazão, Dr. Trocado. Olha, Deus Nosso Senhor, que é Deus Nosso Senhor, fez pagar o justo pelo pecador e eu que nem santo sou...

Ocorreu-me esta facécia para a introdução de um assunto sério, mas que o posso encabeçar com o mesmo título : PAGA O JUSTO PELO PECADOR

Quero falar da actual revolução do ensino empreendida pela Ministra da Educação que tem provocado manifestações e greves dos professores acicatados pelos sindicatos, nem sempre de maneira convenientemente ponderada.

Serão justas as medidas que pretende empreender, das quais os profissionais se dizem vítimas, bodes expiatórios, do mau sucesso da educação, bem notório, que, sempre a outrem, fora da sua esfera da acção, atribuem ?
Será assim, globalmente considerando a minha classe, não admitindo que o rebanho, actualmente, está intensamente eivado de ovelhas ranhosas ?
E os sindicatos têm agido da maneira mais concertada com os verdadeiros interesses dos seus inscritos ? O exagero das suas exigências, nas actuais circunstâncias, levarão a bons resultados? Não serão contraproducentes ?

Pense-se nestas questões. Medite-se nos exames, abolidos, dos alunos, a que os docentes foram dispensados de apresentar, dando espaço ao facilitismo dos desleixados. Recordem-se as fraudes dos destacamentos e dos atestados médicos; Ajuíze-se do absurdo do horário Zero...

O corolário destas questões patenteia-se publicamente na constatação da ignorância de indivíduos que se exibem na imprensa ou se expõem na TV, sobretudo nos concursos, onde pretendem demonstrar uma competitiva cultura geral. Muitos são os que falham redondamente na matéria que deveriam ter aprendido na escola. Cito apenas um clamoroso exemplo que foi, recentemente, repetido:
A questão foi apresentada na categoria de Língua Portuguesa, e a concorrente pediu, imagine-se, difícil :
- Das formas verbais: achastes; achais; achareis, diga qual é a da segunda pessoa do plural, do presente do indicativo.
A senhora que era militar da G.N.R. hesitou, o apresentador ajudou e, finalmente, respondeu certo: - achais. Contudo houve, dos adversários, vários que erraram.
Isto já era inadmissível num terceira classe da escola primária do meu tempo de menino.

domingo, outubro 15, 2006

JARDIM VAI RETALIAR

“ JARDIM VAI RETALIAR”

Com testes subterrâneos, crédito à Cofidis e mais 50 anos à frente do Governo Regional.

É deste modo que o Jornal “ PÚBLICO” no seu suplento, “O Inimigo Público” destaca a gloriosa atitude do "Querido Líder Jardim, presidente para a eternidade, amado por milhões de madeirenses e temido por biliões de cubanos” ( os habitantes da Região Autónomo e os do Continente, nós os cubanos, como muitas vezes assim refere)
“A Pátria pode dormir descansada, porque o Virtuoso Marechal dos Ares sabe apontar as anti-aéreas para o sítio de onde vêem os charter a abarrator de pedófilos belgas e holandeses...”( sabe-se que a Madeira faz parte do roteiro na procura de vítimas desta raça animalesca, que Jardim tenta ocultar, negando, estupidamente, a evidência)

(...) “Longa vida ao Chefe Supremo das Forças Armadas da Região Autónoma da Madeira e Escanção-mor da Confraria da Aguardente de Cana do Paul da Serra !” ( É incrível como ele aguenta tanto álcool ! )

Da longa lista, no jornal, dos feitos do “Patriota” do “Grande Democrata”, como tem sido sebaciamente bajulado, (ver meu post “El Rei Momo”) respiguei q.b., apenas para lembrar o que ninguém honestamente pode negar, a arrogância grotesca do palhaço, que, volta e meia, manda tocar o “hino da independencia” com que tem desafiado os responsáveis, “politicamente cobardes”, que o têm visitado, sobretudo por altura das eleições legislativas.

Finalmente, aparece um primeiro ministro que resolve metê-lo na ordem. O homem, destituido do menor senso comum, fala em retaliação. Retaliar como, contra quem ?

Eis o ensejo que o jornal Público aproveita, para, sarcasticamente ,contar os seus feitos gloriosos, as suas terríficas ameaças, com que, estou em crer, porá fim à sua redícula manipulação do “medo político” dos demagógicos bajuladores

Agora sim, El Rei Momo, acabará no Senado, onde os seus amigos lhe desferirão o “golpe político” mortal.
Até tu Brutus ! Clama Caio Júlio César ao golpe de misericórdia daquele a quem ele queria como filho
O bajulador abandona o bajulado quando este cai na desventura ( ver meu post: ELOGIO/BAJULAÇÃO; AUTO ESTIMA /VAIDADE )
***
PS: À medida que se aproxima o fim do seu reino de irresponsabilidade financeira ,à custa do Orçamento do Estado, o presidente do Governo Regional da Madeira entra em estado de destrambelhamento político. Mas a responsabilidade pela situação a que se chegou deveria ser compartilhada por quem, ao nível do Estado, lhe permitiu fazer o que quis durante este tempo todo. - vital moreira

domingo, outubro 08, 2006

ESPECTÁCULO DA MÁ-LÍNGUA

O meu mais recente post ,com o título “MÁ TELEVISÃO OU IMPRENSA MERCANTILISTA”, mereceu um comentário ajustadíssimo de meu dilecto amigo Carlos Ferreira. Está de acordo com a minha censura ao programa da má língua na TVI e transporta-a para outro da mesma ou pior qualidade ao começar com a pergunta : “Então e a outra ?”
A “outra”, é querer referir-se, penso eu, à “SIC” e o programa que ele veementemente condena será o “Talk-show” diário com Fátima Lopes. Usa expressões e termos perfeitamente adequados como: “gestos delambidos" (na imagem vêem-se de quem são) ; "falar da vida alheia em nojenta mexeriquice"; "em autêntica conversa de soalheiro..." E termina com a justíssima sentença :
Num desfiar de futilidades que, mais que empobrecer o espírito, o embrutece!
Que posso eu mais acrescentar para denunciar o mau serviço que a SIC, com este Talk-show, que traduzo por espectáculo da má-língua, presta a um povo carecido de uma boa formação cultural.

terça-feira, outubro 03, 2006

MÁ TELEVISÃO OU IMPRENSA MERCANTILISTA


Cerca do meio dia e trinta, sexta feira, dia 29 de Setembro passado, liguei a televisão para o canal da TVI.
Faço-o, por vezes, não pelo (des)prazer do seu programa, àquela hora, mas sim pela curiosidade, ou mais pela informação que se impõe ao meu espírito colher, para uma análise, visando os aspectos
civilizacionais( positivos ou negativos)que aquele espectáculo possa transmitir à sociedade.

A minha observação, neste âmbito, não tem constatado outras influências que não sejam francamente negativas, não importa sob que ângulo se aponte a objectiva: recreativo, lúdico ou cultural.
Liguei e vi seis mulheres(1) e um homem sentados em semi-círculo a fazer “tricot” e a dar à língua . As mulheres são conhecidas, nestes espectáculos, mas confesso que não lhes conheço as graças ; O homem, era e tem sido, nem mais nem menos que, o apresentador Manuel Luís Goucha.

O meu desagrado por estes desconcertos do soalheiro tem ficado por uma revolta íntima e a escolha imediata de outro canal, à procura de um antídoto, para me depurar o espírito. Só que, desta feita, o nível da linguagem era de tal maneira baixo, de tal ordinarice que não me contenho calado e aqui, com quem hipoteticamente me lê – os meus amigos – procuro a compreensão para o meu desabafo:

Quando fiz a ligação, já não apanhei o tema da má-língua. Só pude ouvir algumas fortes obscenidades das quais registei a última, antes de mudar de canal:
Uma das mulheres pergunta a outra :
- “Se para viveres até aos cem anos tivesses de deixar de fazer sexo...”
- “Com homens deixava, mas há outras maneiras de o fazer...”

Note-se que não se trata de uma cena teatral com um sentido humorístico ou quejando, mas de uma comunicação para um público que não estará prevenido para tal desconchavo.

Alguma imprensa, tornou-se absolutamente instrumento mercantilista, esquece os valores da cultura e vale-lhe, tão-somente, aumentar as audiências à custa da ignorância dum povo para negociarem a publicidade.
Nota (1) : mulheres do soalheiro

domingo, setembro 24, 2006

ELOGIO / BAJULAÇÃO;
AUTO-ESTIMA / VAIDADE

Publicado em " O Comércio da Póvoa ", n.º 16 de 22.04.04
(... )
Proponho-me hoje reflectir sobre ambientes, atitudes e estados de personagens ou actores de cena no palco da vida .
Assim as dicotomias, elogio / bajulação; auto-estima / vaidade, servem-me de tema para desenvolver, analisando, de meu ponto de vista, os modos de acção ou comportamento dos indivíduos que, de algum modo, assumem voluntariamente responsabilidades sociais.

Registe-se a advertência de que a minha dissertação não pretenderá atingir directa ou insinuadamente, alguém do nosso restrito espaço ou tempo actual, mas não nego que, ao escrever, estou a pensar em factos e pessoas que ocupam a minha memória de já longa e experimentada existência .

Elogio, por oposição a bajulação , é que aquele é sincero e esta é hipócrita ; um vem do coração, a outra da boca . Alguém disse: “não tenha tanto medo dos inimigos que o atacam como dos amigos que o bajulam”
Pessoalmente, prefiro observar a obra ou o trabalho bem concebido, enaltecendo o seu promotor ou realizador a apontar defeitos de que eu próprio me teria de recriminar. Nem os santos são perfeitos. O elogio sincero – passe o pleonasmo – estimula a auto-estima e o elogiado, intimamente, compromete-se a corresponder ao conceito que dele fazem. Agradece pela acção, mais que por palavras . Li algures que “um homem, seja qual for a sua situação, faz um melhor trabalho sob um espírito de aprovação que sob o espírito da crítica”.

A bajulação, pelo contrário serve ao vaidoso. Consiste em dizer a este , justamente, o que ele pensa de si mesmo. O vaidoso é atoleimado. Enfatuado, normalmente é arrogante. Julga-se superior a tudo e todos. Vangloria-se de algum sucesso que atribui fraudulentamente a si , tentando obscurecer o mérito de outrem. O bajulador não o serve mas serve-se dele . Rebaixa-se para obter mercês, mas quando aquele cai na desventura é o primeiro a desprezá-lo

. A auto-estima é outra coisa . O indivíduo justo, procura corrigir os seus erros e agir de modo a ser positivamente apreciado e, em consequência, gostar de si próprio com modéstia. Reconhece os amigos, sem olhar à sua condição social. Preza a justa apreciação do seu trabalho e agradece-a como um incentivo a prossegui-lo.

Não julgo porém que não deva ter a preocupação de registar para a história o sucesso da sua dedicação à Comunidade. Um nome prestigiado, sobreleva os valores materiais que possa transmitir aos seus..
É nesta coerência que ma apraz observar “o que está bem” e louvar ( não louvaminhar) as pessoas que concorrem ou concorreram para esse estado de aprazimento público. Digo “o que está mal”, nunca será de mais repetir , com observância do bom senso, para não ferir susceptibilidades. Faço-o com uma constatação e espírito cooperante quando se trata de despertar a atenção para o que será possível corrigir ou melhorar, nunca pelo (des)prazer da censura. Contudo, a condenação incisiva , acontece quando do comportamento desleixado, aberrante ou criminoso dos indivíduos, face às regras de boa convivência ou valores sociais.

sábado, setembro 16, 2006

AVER-O-MAR - PAISAGEM TÍPICA


Estes “montes de sargaço”, cobertos com colmo, para relembrar uma actividade intensa, relevante para a economia das gentes de Aver-o-Mar, resultam de uma ideia do Presidenta da Junta, com o objectivo de atenuar a aridez paisagística dos espaços abandonados à acumulação de lixos e estendais de miséria que, em parte, conseguiu debelar .
É também, de sua imaginação, um motivo turístico, que lhe foi possível criar, a despertar a curiosidade dos visitantes pela cultura do povo averomarense, aqui, assinalando a actividade característica do “seareiro”, trabalhador da terra e do mar.
Eram, então, acumulados ao longo da estrada marginal para facilitar o carregamento e transporte pelos compradores que utilizavam o seu conteúdo como fertilizante dos terrenos areentos, geralmente no cultivo da batata e da cebola.
Esta actividade, da apanha do sargaço, praticamente acabou, porque os campos foram transformados em estufas de produtos hortícolas, adubados com o lixo da cidade transformado em fertilizante de mais rápida assimilação, compatível com o período mais curto de desenvolvimento e sazonação das plantações.
De princípio, a laboração fazia-se nas modalidades de barco, de cortiço ou de beira.
De barco ou de cortiço, o instrumento da apanha era a ganchorra; na beira, na "comprente" ( incorrecção de complente, maré cheia) era a graveta. Estes utensílios eram característicos dos sargaceiros de Aver-o-Mar. Noutras localidades, como em Apúlia usavam o mais comum, que seria o ganha-pão ou quejandos.
Por isso, seria interessante, na impraticabilidade de colocar naquela cercadura um exemplar de cada dos utensílios que refiro, seria interessante, digo, expô-los, em imagens num painel, com as respectivas legendas.

segunda-feira, setembro 11, 2006

PÓVOA AMADA


A Póvoa está demasiado atraente e oferece-se , em cada ano, mais donairosa, a novas paixões.

Neste particular, a grande dama, é bem servida pelos seus mordomos que se esmeram em a aprestarem de vantajosos equipamentos e a revestirem-na de requintados adereços. E assim a apresentam em constantes eventos, culturais e festivos, tornando-a progressivamente mais cativante e ampliando a longitude da sua notoriedade .
Não tenho dúvida alguma em fazer esta afirmação, porquanto pessoalmente constato, que a nossa cidade está bem cuidada em toda a sua área, desde as praias ao seu limite do interior. Bem empregado o pessoal de jardinagem e limpeza, redobrado na época balnear que ora finda.

Não faltou imaginação aos promotores da organização de festas e divertimentos. Houve a manifesta preocupação de uma actividade lúdica constante.

Gente de todos o quadrantes geográficos e camadas sociais, invadiu a nossa terra, como se fora a prometida para um descanso, mais psicológico ( do stress) do que físico. De férias bem passadas se hão-de sentir felizes os nossos invasores, refeitos para um novo período, naturalmente árduo de luta, no seu posto mais ou menos avançado, do campo social.
Passavam por mim pessoas que falavam, entre si, inglês francês ou espanhol... E também emigrantes que chamavam os seus "cheris pour aller à la plage" . Será possível um espaço mais cosmopolita que este ?

Comecei por dizer que a Póvoa está “demasiado” atraente. Por que sinto isso? Imagine-se a multidão compacta que nem espaço me deixava para o meu caminhar , exercício de manutenção, recomendado pelo médico. E, como eu, meus amigos, de que me queixo também de dificilmente os encontrar para a imprescindível saudação jovial.

Para ilustrar este meu texto, permiti-me copiar a imagem do blog“ (garatujando.blogs.sapo.pt) de meu dilecto amigo Carlos Ferreira. Consultá-lo para apreciar a sua arte, mormente no que se refere à Póvoa , é recomendação que aqui deixo.
Não quero terminar sem apresentar congratulações aos mordomos, que tão bem têm servido a nossa PÓVOA AMADA.

segunda-feira, agosto 07, 2006

EL REI MOMO

HAJA UM POUCO DE DIGNIDADE !


A propósito do que me caberá referir, como oportuno, transcrevo, para aqui, o que em 15 e Maio de 2004 escrevi para o jornal “ O Comércio da Póvoa de Varzim” :

Durão Barroso foi à Madeira agradecer a Alberto João a solidariedade do “grande madeirense e grande patriota”. Expressou o seu “muito obrigado” a Jardim “ por tudo o que fez por Portugal”. Afirmou que “a autonomia foi conquistada, em grande parte, devido ao seu esforço”de Alberto João Jardim. Também Pinto Balsemão não poupou elogios à “persistência na revolução tranquila” (?) de Jardim que considerou “ um dos fundadores da democracia portuguesa” (?) a quem o país “deve uma justa homenagem”(?) - Os pontos de interrogação são de minha autoria

Ao “Grande Senhor” vieram-lhe as lágrimas aos olhos com tanta bajulação, mas, de pronto, o exímio chantagista, aproveitou a oportunidade para anunciar que, a partir de 2008, quando forem negociados os novos fundos comunitários, a Madeira pretende repensar o seu posicionamento no seio da União Europeia e reivindicar um “estatuto independente”. Quer ainda liderar uma “revolução cultural” e “transformar a Madeira numa Singapura”

Como é possível tanta falta de dignidade, ao colaborar nesta farsa, de um político que se esquece que é, sobretudo, o primeiro ministro de Portugal . Tem a consciência de estar a dizer a um petulante vaidoso aquilo que ele quer ouvir. Pretende servir-se dele, da arrogância prepotente com que se impõe ao eleitorado do seu Feudo que não ousa contrariá-lo.
Durão Barroso investe na empresa de Alberto João para colher falsos dividendos, os votos, com que pretende negociar o governo do país.
Alberto João, numa das anteriores visitas do actual ministro à Madeira, mandou tocar o hino da sua independência, com Barroso perfilado à sua esquerda ( note bem, à sua esquerda!)
Jardim, palavroso ,insulta tudo e todos, a começar pela Assembleia da República : "esses gajos do Continente” diz ele, vezes sem conta. Ameaça não acatar as leis que, entende, lhe coarctam a sua liberdade absoluta. Tem desafiado o governo da República a : “deixar-me” (...) Ele é rei e senhor absoluto daquele espaço. Ninguém se atreve a derrubar-lhe a coroa que, ridiculamente, o simboliza nos Carnavais - O REI MOMO.


A FESTA NO CHÃO DA LAGOA
O protagonista, o grande actor destas palhaçadas, que faz gáudio das suas tiradas insultuosas, continua num crescendo de provocações, sem o mínimo pudor na linguagem, contra quem possa ter autoridade para lhe suster o avanço desenfreado das suas ousadias com o privilégio da impunidade, para não dizer, da inimputabilidade de que ,normalmente, gozam, em juizo, os débeis mentais.
É um constante desafio ao Governo Central, à Assembleia da República e ao "Continente" de quem, ccnstantemente, ameaça se demarcar, em definitivo.
Ainda agora, na "Festa Laranja no Chão da Lagoa" Alberto João voltou a pedir a demissão do primeiro ministro que acusou de pôr um "garrote económico" à Madeira. "Ou nos vemos livres do senhor José Sócrates... "
E as baboseiras culminam com todos em sintonia, com Jardim a avisar: " A luta vai continuar" .
E, no final, entoaram o hino separatista : " Madeira é livre/ e livre será, cobiça tão linda/ no mundo não há" ...
Será de suportar tamanho desrespeito de quem faz tudo o que lhe apetece, não prestando contas do dinheiro que daqui vai, endividando-se, sem a mínima contenção.
Eu, como português, escrupoloso cumpridor dos meus deveres contributivos, protesto !
E, como declarou Vital Moreira : "Para a Madeira, nem mais um tostão ! "

sexta-feira, junho 30, 2006

A HONRA A QUEM É DEVIDA

Armando Marques

O nosso Município, todos os anos, no dia consagrado à celebração da ascendência da Póvoa à categoria de cidade, sempre, em actos solenes, tem prestado justa homenagem a quem, por algum modo relevante, haja notoriamente revelado um notável afecto a esta sua terra de nascimento ou de eleição.
Entre os enaltecidos, este ano, merece-me especial congratulação o velho amigo Manuel Silva Pereira. Pelo seu apego altruísta à nobre missão da Misericórdia, ele é incontestável merecedor do galardão recebido: “Medalha de Cidadão Poveiro - grau prata”.
Ao registar aqui a minha satisfação pelo acto que honra este meu amigo, ocorre-me mencionar, como igualmente digno de ser nomeado publicamente, outro a quem muito estimo pelo seu carácter; poveiro íntegro, alheio a partidarismos quando é à Póvoa que ele se dedica inteiramente. De longe, no tempo, eu venho observando o seu esforço meritório em prol da terra onde se sente orgulhoso de ter nascido: Poveiro de gema , segundo a sua própria expressão.
Tem sido mais de bastidores do que de cena a sua acção. Por isso, não tem aparecido, com a merecida frequência, à ribalta, no magno palco da nossa cidade.
Como responsável, pelos Serviços de Turismo, exerceu a sua actividade com inexcedível profissionalismo. O coração sempre lhe estimulou a mente para a acção. O dever sempre lhe foi imposto pelo arreigado amor à terra de seu berço.
A eficácia de muitos eventos se deve à sua capacidade organizativa. Com o constante objectivo da promoção da Póvoa, sempre prestou, com o maior empenho, a sua colaboração às entidades que aos Serviços da sua responsabilidade recorriam.

Vem a propósito, nesta altura das “festas da cidade”, dizer de como, o meu dilecto amigo às mesmas, está reconhecidamente associado:
Ele foi o colaborador destas festividades, consagradas a S.Pedro, desde a primeira iniciativa municipal, em 1962, tendo sido o apresentador do primeiro cortejo do mar, cooperando com a “Comissão de Iniciativa”, então constituída através dos Serviços de Turismo de que era responsável. E, desde então, empenhou-se na continuidade das respectivas organizações, escolhendo os colaboradores para o trabalho em equipa, até à sua aposentação em 1987.
É óbvio que se trata, exactamente, do Armando Marques, a quem, há dois anos , no jantar de aniversário do Rancho Poveiro, na Estalagem de S.Felix, foi concedida a salva de prata da Câmara , com a legenda de gratidão e brasão da cidade, em dourado e, ainda, o distintivo de ouro do Rancho ( um par dançante) pelo Dr. Macedo Vieira, comemorando 50 anos de sua ligação funcional e afectiva àquele Grupo Folclórico.
Que esta minha modesta, mas sincera, homenagem ao Armando tenha a repercussão com o objectivo que, se advinha, eu pretendo.

Dimas Maio ( dimasmaio@netcabo.pt )

domingo, junho 18, 2006

Sinto-me verdadeiramente empolgado na leitura das obras de Luísa Dacosta. Seus textos são autêntica prosa poética São metáforas de luz e som; arte de pintura e de harmonia musical.
Isabel A. Ferreira diz no seu Preâmbulo do livro “Luísa da Costa - no sonho, a liberdade” : (...) Foi a partir de então que comecei a render-me à força da narrativa de Luísa, límpida e ausente de lugares-comuns e parti para a descoberta daquela que escreve como quem faz renda, arrancando da palavra/bilro novas sonâncias encantatórias, que em nós ficam ecoando como vozes longínquas. Escrita/ pintura feita de palavras de água púrpura, rósea, anil, violeta que transforma os textos em recriadas aguarelas, e molda paisagens, seres, emoções e sentimentos...
“NA ÁGUA DO TEMPO – DIÁRIO” é um pouco da sua biografia, coligida de notas, de seus papeis arrumados pelas gavetas. Anotou, como por acaso , alguns factos que, por algum modo, entendeu dever registar. São coloridas peças literárias . A partir do ano 1948 até 1987 fala de suas numerosas viagens e estadas, casas onde morou, e A VER-O-MAR é uma das suas mais vincadas referências.
Para confirmar a riqueza metafórica da sua prosa poética, apenas uns pequenos excertos do prefácio que Luísa Dacosta, ele própria escreve:
Na água do tempo, um olhar naufragado. Nos limos das profundezas, que guardou da poeira dos dias ? Pouco... e ansiava a Luz. Nada tinha ficado do peso insuportável da desolação. Nada da gota, breve, da alegria (...)
(...)
O que era o amanhecer, lunar , das colinas do seio comparado às profundidades, nocturnas, do que estava para além dos sentidos: as dormências do que não sabemos pelo olhar e pela metáfora e são tumultuar obscuro? E depois, como decidir, era a sede dela que ele bebia, ou a sua própria sede que acalmava e procurava estancar ? O “outro” existe realmente ou somos ainda nós ? Ah! Tão apetecido corpo e tão talhada alma ! Noutras casas, depois noutros andares, que lhe mostrava o seu espelho interior ? (...) - Luísa Dacosta refere-se, muitas vezes, em e a terceira pessoa. Como que exista outro ente em seu próprio corpo.

quarta-feira, junho 07, 2006

Durante algum tempo, nada tenho publicado neste meu blog para que fique bem patente a intenção de prestar a minha homenagem à insigne escritora Luísa Dacosta.
Com pesar, constato falta de apoio à minha sugestão para que se cumpra um dever de gratidão que a freguesia tem ignorado, sem culpa, em virtude da cerrada incultura dos que têm sido seus responsáveis.
Alguém, que julguei mais informado, a quem tentei recorrer, não o sabia de tão desproporcionada importância que não merecesse eu, pobre de mim, uma diminuta atenção , já que o objecto da minha proposta lhe deveria ser particularmente grato.
E o que eu pretendia, para honra desta terra , agora titulada de vila, era, tão-somente, o topónimo “Luísa Dacosta” para a avenida marginal que abeira o que foi o seu moinho, berço privilegiado das suas criações literárias e de que ela revela, doridamente, no seu “Adeus!” o grande desgosto de o abandonar .
Em outro meu blog , “Flores de Maio”, que pretendo reservar à arte literária, tentarei prestar o meu modesto tributo à autora de preciosos textos que, justo, mereceriam uma maior divulgação e, aqui, em A ver-o-Mar poder constatar-se a honra do prestamento público de sua homenagem.

segunda-feira, maio 15, 2006

Isabel A. Ferreira Dialoga com Luisa Dacosta ( Despedida do Moinho)

Excertos :

“Regressemos a A-Ver-o-Mar e ao moinho, que, como se viu, teve uma importância primordial na vida e na obra de Luísa Dacosta. Seguindo o seu percurso bibliográfico, reparamos que as suas duas últimas publicações, À Sombra do Mar e A Maresia e o Sargaço dos Dias, ocorreram respectivamente em 1999 e em 2002, e constituíram como que um adeus àquele lugar que fora tão seu.
(...)
Aquele recanto de A-ver-o-Mar nunca mais será o mesmo sem a presença de Luísa que, pela manhã, costumava abrir a janela da terra, para que até si chegassem as vozes daquelas gentes que tanto amou, e com elas povoar a sua solidão. E, ao entardecer, a janela do mar, por onde recebia o crepúsculo, o murmurinho das águas e os seus segredos, e o canto das gaivotas , como que saudando a sua lucidez .
(...)

“Adeus !

Como quem cega os próprios olhos
tinha fechado, pela última vez ,
a janela do mar.

Dos seus passos, apagados da beirada ,
nenhum sinal restava.
Podia partir .

Só o soluço do vento e das águas
tentava caligrafar uma ausência
nos ramos do dia.”

In À Sombra do Mar

(...)

O moinho de A-Ver-o-Mar , castelo de um reino, banhado por águas de muitas marés, lugar onde Luísa concebeu muitas das suas ilusões e afogou tantos dos seus sonhos, saíra, inesperadamente da sua vida. Este fechar a janela do mar, estes passos apagados, este soluço do vento , este adeus, foi a derradeira despedida de um lugar onde deixou o seu génio criador e a poética dos seus dias. Foi sobretudo um adeus a um lugar muito amado.”

terça-feira, maio 09, 2006


"Soltou-se, dos abismos, o búzio do vento. Que dor se esfarrapa
e franja de encontro aos penedos? Que voz, dolorida,endoidada,
cavalgando ondas e crinas de espuma, espraia desesperos e uiva
pelas margens da noite?"

segunda-feira, maio 08, 2006

PARA QUANDO A HOMENAGEM ?


Reedição do texto publicado no jornal “O Comércio da Póvoa de Varzim” em 13 de Maio de 2004

O nosso Município, no “Dia da Cidade”, 16 de Junho, vai prestar homenagem a instituições e personalidades que, pela sua acção em determinados campos de “cultura e lazer” têm dado o seu contributo para o enaltecimento desta ditosa urbe nossa amada.
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Assim, ao Clube Naval Povoense, vai ser atribuída a “Medalha de Reconhecimento Poveiro – Grau Ouro” por proposta de Macedo Vieira que realçou este merecimento pela acção empenhada em prol da cultura desportiva, direccionada para o elemento que empresta à Póvoa a sua natural grandeza, o Mar.
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À escritora Luísa Dacosta será imposta a “Medalha de Cidadão Poveiro” que indubitavelmente a merece porque, embora transmontana de berço, esta é obviamente, também , a sua terra de eleição.
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Cumpre-nos reconhecer o afecto que tem prestado à Póvoa, manifestado com a mais valia da sua obra literária, como um bom alanco, por esta distinta via , para a projecção da actividade poveira, num maior espaço intelectual , objectivo bem esclarecido dos responsáveis desta afortunada terra tida sempre como grata a quem, por algum modo, a glorifica.
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Luísa da Costa passou largas temporadas na casa sobranceira à praia de Esteiro, que se vê na imagem. Familiarizou-se com a gente humilde de Aver-o-Mar ; pescadores, sargaceiros e seareiros que são, afinal , os que têm estas ocupações de sobrevivência: homens e mulheres do mar e da terra. Fê-los interlocutores amados nas suas “A-VER-O-MAR Crónicas”, extraídas do real quotidiano. Dá-lhes a verdadeira vida no seu habitat. Traduz foneticamente, com a maior fidelidade o seu linguajar, pincelando fielmente a cor local . Chama-os, familiarmente pelos nomes e alcunhas. Vive com eles. Agrada-lhe deixar-se transportar nas suas carroças para o campo, pegando-lhes nos filhos ao colo, enquanto amanham a terra para a batata e o milho. Conhece as praias e as penedias, desde “Fragosa” até à muralha “Cabo de Carreiro” e “Aradinha”. Refere, bem conhecedora, os apetrechos do mar, da pesca e da apanha do sargaço.
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Então, seu estilo é singular, não lhe assenta uma vulgar definição. O discurso fluí com alternância natural da descrição dos cenários e a acção dos reais actores. O ritmo, por vezes vivo, passa a bonançoso, como a influência da ondulação do mar de Esteiro, que pode contemplar do seu moinho. Há um verdadeiro encantamento na sua obra que nos transmite um sentimento de amor, de apego às pessoas e às coisas da sua vivência, naquele ambiente . O seu sentido poético começa logo no prefácio que é um hino à vida dos seus heróis no seu pequeno mundo.
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Penso que, no entender de quem me lê, será desnecessário outro argumento para garantir a certeza de que a 16 de Junho próximo, a vila de Aver-o-Mar aproveitará a oportunidade da anunciada homenagem que o nosso Município vai prestar a Luísa Dacosta, para também lhe afirmar o seu particular reconhecimento. Para o efeito, permito-me sugerir um gesto simples que pretendendo distinguir a escritora, se honrará mais a si própria esta terra que foi berço de Francisco Gomes Amorim .
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Dar o nome da homenageada a uma rua importante é o menos que se pode fazer para memória da gratidão que, eternamente, esta vila lhe ficará a dever. Nesta conformidade, nenhuma mais ajustada e perfeita do que a marginal ao lado do que foi o seu romântico moinho.
A denominação que se lê na placa é : “Avenida do Jardim da Praia”. É inimaginável um tal topónimo, já que não há ali jardim algum. E que houvesse, não revelaria, o facto, uma evidente pobreza de imaginação, para não dizer incultura, do seu ou seus autores ?
Mais sonante ficará o nome de Luísa Dacosta porque despertará sempre na consciência dos averomarenses , que transmitirão aos filhos a memória da pessoa muito importante que com eles conviveu e lhes pegou, muitas vezes, ao colo.
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Desnecessário será também lembrar que o acto deverá anunciar-se com a devida solenidade do descerramento da placa toponímica.

Vide: DÍVIDA DE GRATIDÃO ( texto abaixo)

EM AVER-O-MAR - "SEAREIRO" , TRABALHADOR DA TERRA E DO MAR

Reedição do texto publicado no jornal “O Comércio da Póvoa de Varzim” , em 27/71997

Luta do povo que, de perto, sempre admirei.

Nos dias de hoje, espantem-se os filhos e netos, da luta pela vida daqueles com quem convivi nos meus tempos de menino e moço !

Eram então “Araus” nome com que os de cima, os lavradores, pretendiam depreciar os de baixo, os da orla marítima, que, trabalhando duramente a terra, mais arduamente ainda se lançavam no labor do mar.
Todavia, não era nada depreciativo este epíteto, porquanto arau era uma palmípede marinha, vista frequentemente na praia , mergulhando para “pescar”
Por vingança, os Araus, chamavam “Suínos” aos outros. Esta fronteira foi-se diluindo e estes sarcasmos recíprocos fazem sorrir a gente de hoje.

Muitos Araus eram ricos seareiros. E este sim, era o título que os enobrecia. Seareiro, aqui, era o que fazia as suas próprias terras e, por vezes, ainda as dos outros e ia colher no mar o adubo que as fertilizava. Batata era a sua principal cultura e pilado (pequeno caranguejo) o fertilizante orgânico mais utilizado. O excedente era posto em feira, em pilhas ou montes, na praia de Fragosa.

E, então, era ver o movimento, a azáfama dos lavradores das freguesias vizinhas e até dos concelhos de Famalicão e Barcelos, carreando o precioso enriquecedor da fertilidade dos seus lameiros e nabais.
Para arrancar da areia da praia para a estrada, de piso mais duro, os carros de bois, de grandes caniçadas, emprestavam eles uns aos outros os seus animais para dobrarem as juntas. E aí começavam, enérgicos, os apelos dos seus donos:

Eh... Pisco!...Eh... Amarelo! Eh... boi lindo! Eh!... E os bois retesavam-se todos, num esforço danado.

As companhas – de dois barcos de pilado ( espécie de pequenas lanchas) saiam, de madrugada , barra fora e, não raro rumavam à "beirada" ou a Cutinhais ( Vila Praia de Âncora) ou a Afife, quando nada havia nas "calas" de Esteiro e de Lagoa. E, se as águas não corressem, permitindo que as redes de saco arrastassem pelo fundo, em poucos lanços, enchiam os barcos. E, porque o alar das redes de saco se fazia à força de braço, os cabos limavam os calos das mãos que ficavam em carne viva. Se fazia calmaria, no regresso, a vela de nada servia e então, os barcos, com apenas um palmo de borda fora da água, eram movidos, ou melhor, arrastados a remo, num esforço dorido a que os próprios diziam “levar uma coça de remo”

Era assim, quotidianamente e durante uma época que começava no Verão e terminava nos princípios do Outono.

Por vezes, o mar puxava de repente e, então, era a aflição do povo na praia perscrutando, no horizonte nebuloso, as companhas que da barra se aproximavam : “ Aí vêm os barões!... Aí vêm os Flores!... Está a chegar o tio Piloto!......Olha! aí vem o Pombal! E o Tio Rebelo!... O Doutor (Gueiral) não chega !. É sempre o mesmo teimoso !...

Mas, Graças ao Senhor, ao cair da noite , tudo está a salvo.
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Era Assim, naquele tempo em que o labor e a angústia se emparelhavam.
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E eu sinto-me incapaz de traduzir para aqui a realidade que, da minha memória, jamais se apagará .

24/7/1997 ...... Dimas R. de Castro Maio

domingo, maio 07, 2006

DÍVIDA DE GRATIDÃO






O texto que se segue foi, na sua data, publicado no jornal “O Comércio da Póvoa”
Reedito-o aqui, nesta oportunidade, confiado que a actual Junta de Aver-o-Mar terá em conta remediar, de algum modo, a ingratidão da freguesia com a responsabilidade da anteriorJunta para com Luísa Dacosta
*
Luísa Dacosta
“...é credora de eterna gratidão...”

Em caixa, na primeira página deste nosso jornal de 14/8, é referido assim o preito que a Câmara da Póvoa , rende, em sua acta 12/97, com a promessa “de mais condigna homenagem que a seu tempo promoverá ...” à insigne escritora vila-realense transmontana, na oportunidade da manifestação calorosa de apreço e simpatia que a “Comunicada Escolar da Francisco Torrinha” lhe dispensou na qualidade da sua prestigiante professora que passa à situação de aposentada.
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No excerto não é referida Aver-o-Mar concretamente, mas tão-somente a Póvoa de Varzim e “a alma do Poveiro presente em belíssimos textos, imperecíveis actos de amor”
Engano a corrigir . Na verdade, Aver-o-Mar pertence ao concelho da Póvoa, mas o Averomarense tem identidade própria e foi ele, foi este povo, foram os homens e mulheres, simultaneamente pescadores, sargaceiros e camponeses desta terra de “A-Ver-o-Mar” que inspiraram as afectuosas “CRÓNICAS” de Luísa Dacosta, colectânea de textos de verdadeiro colorido local a tocar o poético e o nostálgico. Há ali a graça do coloquial com o acento fonético do linguajar da nossa gente. Sente-se e comunga-se da vivência das personagens no seu habitat. Há ali vida duramente vivida . Há alegria e tristeza . Há facécia e agrura nos diálogos que a autora tão fielmente sabe escutar.
O drama está ligado ao rigor da existência dos protagonistas e figurantes reais destas peças. Luísa Dacosta condói-se e solidariza-se com o sofrimento das mulheres escravas que o home maltrata. Vai com elas na carroça para o campo e carrega-lhes os filhos ao colo. Sabe o nome de todas e familiariza-se com os apelidos por que são conhecidos os seus vizinhos. Refere-se às praias e penedias de que eu posso confirmar a precisão.
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Luísa Dacosta, por coincidência ou inspiração, lembra “Alphonse Daudet”, autor de “Lettres de mon moulin”
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Este escritor francês, nascido em Nimes, mas vivendo normalmente em Paris, adquire um “moulin à vent” numa colina da Provença e ali se isola , como autêntico eremita, e escreve suas “lettres de mon moulin” (cartas de meu moinho)que traduzem, com rigor, toda a paisagem da sua vivência local.
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A nossa escritora compra igualmente um moinho de vento assente sobre uma duna da praia de Esteiro, que adapta a residência de férias e escreve aí as suas “CRÓNICAS DE A-VER-O-MAR”, com personagens e elementos do ambiente que a rodeiam, procurando a fidelidade da cor local, e há elementos lexicais e fonéticos perfeitamente condizentes.
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Na minha actividade de professor das disciplinas de Francês e Português (língua e literatura), teria hoje planeado, para algumas aulas, um estudo comparativo ou uma análise intertextual das duas obras. Tenho-as aqui à mão e, pessoalmente, encanta-me verificar pontos de encontro e acentuado paralelismo em textos escolhidos para o efeito.
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Estou porém, também na situação de aposentado, mas fica aqui a promessa de que tudo farei para despertar as consciências para a gratidão que todos lhe devemos e, oportunamente, será prestada homenagem à altura do valor da minha emérita colega que, não obstante afastada agora das suas aulas na Escola Francisco Torrinha, Deus lhe conservará energia para continuar a docência no campo pedagógico de horizonte mais vasto.

17-08-97 Dimas Maio

sábado, abril 29, 2006

INSUCESSO DA DEMAGOGIA

JANTAR DE RECONCILIAÇÃO

Para os anais da vila de Aver-o-Mar há-de ficar registada a reconciliação, ao repasto num bom restaurante, do presidente do Município da Póvoa de Varzim com Manuel Figueiredo, ex-presidente da Junta desta freguesia, na oportunidade das eleições previstas para 9 de Outubro de 2005.
O facto foi, na altura, devidamente noticiado e comentado por um colaborador do jornal “ Póvoa Semanário” . Como não poderia deixar de ser, houve fotografia, que ora aqui se patenteia, para documentar o “notabilíssimo evento” .
O caso é que, Manuel Figueiredo, numa reunião de Câmara, insurgiu-se contra o Dr. Macedo Vieira acusando-o de nada ter feito pela freguesia de Aver-o-Mar, não cumprindo as promessas que lhe havia antecipado por ocasião de eleições anteriores. Mais concretamente, se não estou em erro, invectiva-o por não se dispor a comparticipar a abertura de uma rua no lugar da Boucinha, seu feudo de governação. Fez então pública a sua voz de que voltaria para o partido Socialista e, nesse sentido, carrearia os votos dos eleitores, seus conterrâneos, nas “próximas eleições” .
Nesta contingência Macedo Vieira e seu cúmplice, Luís Diamantino, reservaram a sua demagógica estratégia para o restabelecimento de boas relações com o autarca de Aver-o-Mar, exactamente para as proximidades do último acto eleitoral. O bom resultado do opíparo jantar (imagina-se) estampa-se no rosto dos convivas.
Só que, imprevisivelmente, como se constata, saiu-lhes o tiro pela culatra. O povo cansou-se do cata-vento e derrubou-o do pináculo em que o assentava.
Sabendo-se que a grande maioria do povo da freguesia é, por histórica opção, aderente ao PS, a reflexão tinha de acontecer, face ao descrédito para que foi conduzido o seu eleito favorito.
Confirmo, eu, esta asserção, por experiência própria . Aquando de minha competição, em já remotas eleições autárquicas, ouvia as pessoas, como a quererem justificar a sua não adesão à minha candidatura pelo PS, dizerem : “ aqui éramos todos pelo PS, mas agora votamos no Manel !.”
Faço questão de esclarecer que o Manuel Figueiredo teve a conduta concernente com o que pensava serem e eram os interesses das pessoas que ele, por sua boa índole, quis ajudar, excedendo-se até, em alguns casos, no seu favorecimento. Nesta conformidade, só da acção social se ocupou, desleixando completamente todas as outras áreas em que lhe competia intervir.
Realmente, aquando da campanha que acima referi, se eu chamava a atenção das pessoas para o abandono do ambiente, do impressionante mau aspecto da freguesia, logo recebia a resposta: “a mim, o que me interessa é minha reforma, do resto a gente já está afeita !”
Assim, não por deliberada demagogia , mas por sua maneira de ser, vivendo em inteira correspondência, tu cá , tu lá com os seus conterrâneos, Manuel Figueiredo, o ex-presidente da Junta, se manteria no posto, ad aeternum, não fora o defeito da sua humildade ( vide meu artigo sobre conceitos) que o fez crédulo perante demagógicas promessas.
Em compensação, julgo termos agora à frente dos destinos de Aver-o-Mar um jovem e sua equipa cuja acção inicial indicia uma energia bem orientada para solução dos problemas ingentes da nossa terra. Para tal não irá, o nosso autarca, em promessas e antes fará as exigências dos direitos em que tem sido preterida esta populosa vila com o favorecimento de outras freguesias, bem menos importantes, do concelho da Póvoa de Varzim.
Dimas Maio


domingo, abril 16, 2006

POLÍCIA URBANO, UM CÍVICO


Confronte-se o comportamento verdadeiramente urbano do agente da PSP protagonista do caso autêntico narrado pela autora Laurinda Alves na revista "XIS", editada pelo jornal “PÚBLICO”, que traslado na íntegra (sic), com o daquele outro “bronco” que, no dia 12 de Março p.pdo., investiu em riste contra quem, não havia a menor dúvida, não desrespeitou minimamente a lei e tentou lembrar-lhe que um guarda da segurança pública é acima de tudo, um "cívico" , na verdadeira acepção e por extensão do termo - impõe o cumprimento da lei, com civismo.


Pura Compreensão

“Aconteceu-me há poucos dias arrumar o carro num recorte lateral da estrada , numa rua de eléctricos. Apesar de o carro estar impecavelmente arrumado não reparei que, por ser grande e largo, devia ter ficado estritamente encostado ao passeio para não impedir os eléctricos de circular. Aliás, também não sabia que há eléctricos ligeiramente mais largos que outros, pois o estribo lateral pode ter mais ou menos cinco centímetros e isso faz toda a diferença .
Não sabia e ia morrer sem saber, devo confessar.
Voltando à questão do estacionamento, deixei o carro arrumado, fui jantar com amigos e a coisa entrou pela noite dentro. Demorámo-nos ao serão em conversas animadas e como o restaurante era numa rua perpendicular à rua dos eléctricos, muito lá para o fundo, não se ouviam os barulhos da rua.
Quando saímos havia uma enorme agitação cá fora, com três eléctricos parados em fila, reboque da polícia atravessado na via com as luzes a girar, vários homens de gestos nervosos e pequenos grupos de pessoas que se juntaram à beira do passeio para os comentários do costume. Ingenuamente pensei que nada daquilo tinha a ver comigo, pois o carro estava bem estacionado e, ainda para mais, num recorte lateral. Tinha sido uma sorte encontrar aquele lugar , até.
Fomos andando tranquilamente , à conversa, alheios ao que se passava, e só depois das despedidas, quando fiquei apenas eu e as duas amigas a quem ia dar boleia, é que tive o primeiro sobressalto: será que tudo aquilo era por causa do meu carro ? Apressámos o passo no preciso momento em que os eléctricos começaram a circular e, por isso mesmo, voltei a ficar descansada mas eis que uma das minhas amigas, por ventura a mais corajosa, foi perguntar o que se passava e o polícia dos reboques devolveu a pergunta:
- Este carro é da senhora ?
- Não, mas é daquela minha amiga.
E apontou para mm que, finalmente, me dei conta de que havia mesmo alguma coisa errada com o estacionamento do carro. De repente, com o coração acelerado pelo alvoroço provocado sem querer, mas ainda sem saber a razão de tamanho aparato, fui a correr ter com o polícia que abriu os braços a todo o cumprimento e, sem palavras, pediu com os olhos e um encolher de ombros a confirmação.
- Aconteceu alguma coisa por causa do meu carro ?
- Ó minha senhora, o seu carro é muito largo e muito pesado. Acabei agora de o levantar em peso, aqui com o meu colega, para o chegar mais para o passeio.
- Ai senhor guarda, desculpe, mas eu achei que ele estava bem arrumado.
- E estava ! O problema é que há uns eléctricos que têm o estribo mais largo e não passavam. E eu e o meu colega tivemos que levantá-lo em ombros.
Falava com a voz e a respiração ainda em arritmia, dado o esforço, mas falava num tom educado e muito correcto. E explicava com detalhe a questão dos centímetros que faziam a diferença.
Como os eléctricos já tinham passado, os mirones dispersaram todos, menos um. Aquele que gosta sempre de vera coisa até ao fim e não quer ir embora sem assistir ao castigo.
Consciente de que estava a ser observado ao largo pelo homem desconfiado, o agente dos reboques deu ainda mais uma ou duas explicações, tendo o cuidado de ir escrevendo umas coisas no papel mas, ao mesmo tempo , dando-me a entender que sabia que eu não tinha culpa nem consciência de que o carro impedira o trânsito por uma questão de poucos centímetros. Depois de “picotar” umas palavras abstractas numa folha branca, dobrou o bloco, guardou-o e despediu-se com a mesma educação com que se apresentou quando ainda estava em esforço .
Ainda lhe perguntei o nome e do agente que o acompanhava para lhes agradecer a maneira extraordinariamente compreensiva como trataram da questão. Ele despediu-se dizendo que já estava atrasado para ir não sei onde rebocar outro carro e desapareceu nas curvas da rua. A noite ficou outra vez tranquila e eu fiquei infinitamente grata e definitivamente consciente de que há eléctricos e eléctricos. Agentes de autoridade e agentes de autoridade.”

terça-feira, abril 04, 2006

"SERVIÇOS" QUE NÃO SERVEM

PRACE ( Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado )

O Governo vai extinguir departamentos que persistem em figurar no mapa orgânico do Estado apenas devido à inércia e à força das corporações e interesses instalados.”
“ O mesmo se deve dizer sobre a eliminação da burocracia num vasto conjunto de actos em que famílias e empresas têm sido forçadas a lidar com um estado obsoleto e adversário de quem o sustenta e a quem tem obrigação de servir com rapidez e eficiência”
“ Há promessas de extinção de serviços, fusão de departamentos, descentralização e harmonização territorial dos diversos ministérios, transferência de operações para a Internet.”

Estou completamente de acordo e corroboro as expressões condenatórias sobre a existência de tudo o que agora e já não é sem tempo, o Governo vai corrigir e, sobretudo, louvo a justiça da extinção ou redução de serviços que, parece, para ocuparem o tempo inútil das suas inaptidões ou incompetências, passam a vida a criar problemas aos cidadãos que não podem, como desejariam, afastá-los do seu caminho no cumprimento das suas obrigações legais.

É uma dorida experiência que me dá razão para manifestar o meu aprazimento pelas medidas ora propostas. Prejuízos materiais e danos morais, não de somenos importância, me causaram os Serviços de Finanças da Póvoa de Varzim. Não obstante, o cuidado escrupuloso em cumprir os meus deveres contributivos, dando sempre conta, documentalmente, de todas as alterações de meus valores imobiliários e rendimentos, cheguei a ser tratado, por aquela Repartição, com o mesmo descrédito que mereceria um relapso faltoso.
Relembro a denúncia, repetida, que então publiquei no jornal “ O COMÉRCIO DA PÓVOA DE VARZIM” de como me penhoraram o carro à conta de uma dívida gerada pela negligência de ineptos funcionários dirigidos por um chefe que, tudo leva a crer, desconhece o que se passa fora de seu gabinete, donde jamais o vi sair de todas as vezes que esperei, numa fila, para um simples atendimento por um qualquer funcionário a despachar maquinalmente.
Durante aproximadamente um mês, não pude utilizar a minha viatura , temendo a sua apreensão pela polícia. Só ao fim de várias denúncias públicas, em termos vazados pela minha indignação, recebi 2 ofícios desencontrados quanto às suas proveniências que ma comunicavam:
"Em cumprimento do despacho de 8 de Outubro de 2004, do chefe de Finanças de Póvoa de Varzim, informo V.Exa. que foi ordenado o levantamento da penhora que havia sido efectuada sobre o veículo com a matrícola 03-06-Fl que , por assim se encontrar liberto do ónus que sobre o mesmo pendia, poderá voltar a circular, de imediato. Mais informo V.Exa. que nests data foi efectuada a comunicação de igual teor às autoridades de trânsito competentes " (sic").
Assim, sem mais nem menos; nem justificação, nem pedido de desculpa !...
É lógico que a polícia ficou a pensar que eu devia e paguei uma dívida às Finanças. Até que ponto isso não ficaria oficialmente registado...
Esta foi a ofensa mais grave de todas; mas houve e continua a haver mais... Estou à espera do reembolso de uma importância que me foi "cobrada indevidamente" na contribuição autárquica referente ao ano de 1998. Foi reconhecida a minha reclamação, só que, em "2004-10-26" inventaram-me outras dívidas e comunicaram-me eentão : " o valor do crédito apurado foi utilizado para compensação total e / ou parcial de dívidas abaixo discriminadas: ( segue-se a manifestação asnática).
Voltei à repartição para, documentalmente, mais uma das muitas vezes, mostrar-lhes o disparate, não sem ter o cuidado de, como sempre, apresentar a reclamação por escrito e a devida cópia, para levar o carimbo com a data do recebimento do original. A data é: 17/12/2004. Para minha "tranquilidade", logo ali, tiveram o desplante de me iformarem que a "coisa assim levaria o seu tempo" . E não é que os bruxos adivinharam ?! Imagine-se, estamos em Abril de 2006 ! Dizem-me que, nestes casos pagam juros de mora. Sérá ? Tenho fé que ainda viverei para o poder confirmar !
É caso para pensar que, como lá não mais voltei e não tenho reclamado, esperam que me tenha esquecido e considerem o caso arrumado. No entanto, custa-me a crer que a ingenuidade seja mais um de seus geniais atributos.
A verdade é que tenho vindo a adiar a reclamação só porque, não me sinto com a calma de espírito necessária para o fazer em termos meramente formais. Mas descansem, que não perderão pela demora !
Ainda bem que , entretanto, não tenho tido mais necessidade de tratar nada directamente com o " Serviço de Finanças da Póvoa de Varzim" . Declarações e liquidações, tudo faço pela Internet. E assim chegou, parece que, de vez, o meu socego.
Não é um simples desabafo o que deixo exposto. Estou a pensar : quantas pessoas modestas, de pouco ou nenhuma informação, não terão sido lesadas por esta maldita complexidade burocrática de "serviços" que não servem ?

sexta-feira, março 24, 2006

O POLICIA BRONCO

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No domingo, dia 12 de Março corrente, houve na Póvoa a corrida pedestre, denominada a “Meia Maratona Cego do Maio” .
Como é de meu hábito diário, dirigi-me de carro para a zona do Porto de Pesca, de onde parto para as minhas caminhadas de manutenção. Segui pela Avenida Marginal. Eram então 10 horas e não havia ainda qualquer limitação ou impedimento de trânsito. À cautela, deixei o meu carro estacionado na rua Tenente Valadim e não junto da “alegoria da lota" como é meu costume, pois era de esperar que, na volta dos maratonistas, não pudesse partir dali para fazer o caminho de regresso a minha casa, em Aver-o-Mar.
Eram cerca das 11 horas quando começaram a chegar, pela marginal, dos lados de Vila do Conde, os pedestrianistas.Dirigi-me então para o carro e, como é óbvio, já não pude regressar pela marginal. Foi-me imposto, pelos agentes da polícia postados nos diversos cruzamentos, seguir para interior : Praça do Almada, Rua do Visconde, Rua Fernando Barbosa, Rua da Família dos Bonitos de Amorim; aqui, voltar na rotunda para a Rua Leonardo Coimbra até ao cruzamento com a Rua Gomes Amorim (estrada nacional )
Segui então para norte até encalhar, logo ali adiante, porque havia uma fila de carros parados até às proximidades da rotunda entre a Avenida Vasco da Gama e a Avenida do Mar. O impedimento da marcha era motivado pelos corredores que, subindo a Vasco da Gama, contornavam aquela rotunda para voltarem em sentido inverso.
Previ que a paragem seria demorada, face ao elevado número de atletas que teriam de fazer aquele contorno. Por isso, aproximei o carro, o mais possível do passeio, meti o travão de mão e esperei.
Passados que eram 10 minutos , na contingência de ter de permanecer ali muito mais tempo, preocupado com a intranquilidade da família face ao que seria um desusado atraso do meu regresso, peguei no telemóvel para dar conta da minha situação. Acto contínuo, aparece do outro lado da faixa de rodagem, de frente à Avenida Santos Graça, um agente da PSP aos berros: “pouse esse telemóvel ! pouse esse telemóvel !... e aproxima-se a passos largos. Instintivamente, eu ergo o braço esquerdo em gesto de enfado.
Foi então o diabo que se meteu no corpo do homem. Desabridamente exige-me a entrega dos documentos. Tento acalmá-lo, chamando-lhe a atenção para o facto de estar completamente parado, arrumado o mais possível para a direita e não haver qualquer circulação de veículos na estrada. Digo-lhe que não conheço o teor da lei , mas que o espírito ou sentido da mesma não poderia ser outro que o de prevenir o risco de acidente que uma momentânea distracção do condutor, provocada pelo telefonema, criaria. O que, no meu caso, estava completamente fora de questão. O individuo insiste na entrega dos documentos e entende que estou a “desobedecer à autoridade”; exige que saia do carro e leva o seu ímpeto ao acto de me querer arrancar do assento ameaçando-me de detenção.
Perante a impotência de exorcizar o demo que habitava o corpo do sujeito, donde o aumento progressivo das convulsões me assustou , saio da viatura e entrego-lhe o B.I. e a carta de condução. Enquanto anotava ele os elementos que precisava , advertia-o eu que ia processá-lo e exigia a sua identificação. Respondeu que eu saberia quem ele era dentro de quinze dias, quando recebesse "nota do auto".Negou-se, pois, a identificar-se. Enquanto eu reclamava que ele declarasse na sua participação que o carro estava completamente parado, mais justo, seria até, estacionado, ia-me dizendo que ele era a “autoridade”, “pessoa idónea” e a questão "seria da sua palavra contra a minha" . pressentia-se, nele, a premeditação da mentira.
Na altercação, respondi-lhe eu que o “hábito não faz o monge” e quanto à idoneidade, eu era um professor na situação de reformado e tinha a provecta idade de 79 anos, vividos como cidadão escrupuloso no cumprimento dos seus deveres. Mereceria, por isso, um pouco mais de respeito. Entretanto devolveu-me os documentos e foi-se embora. Ainda esperei mais cerca de 20 minutos até poder arrancar, continuando na fila até à rotunda acima referida.
Pelo que pude observar da atitude daquele agente, conclui que tarde se deu conta de que exorbitou com a pessoa errada e não terá alternativa senão recorrer à mentira para fazer valer a "sua palavra contra a minha" e ele é a autoridade. Será assim ? Espero bem que não.
De minha parte, para quem não me conhece, considerando a análise da minha descrição pormenorizada dos factos, mormente dos circunstanciais, coincidentes, da corrida e da hora a que a mesma se processava há-de concluir pela razão de meus argumentos para não deixar impune quem me ofendeu na dignidade a ponto de me sentir verdadeiramente humilhado. Aliás, presumo que era essa, mais que a multa, a intenção do sujeito. Usou mesmo da ironia quando lhe declarei que tinha sido professor :- “ rico professor deveria ter sido... “ , disse.
Fiquei também com a impressão que ele se julga inimputável como “executor da lei” e ninguém ousaria impugná-lo. Usou sempre um tom de voz intimidativo. Pretendia, com a sua arrogância, ocultar uma carência de formação que a sua profissão exigiria. Debalde lhe quis fazer sentir que ele era, antes de mais, um cívico e como tal deveria agir em quaisquer circunstâncias.
Finalmente, cabe aqui a questão :
Por que não passam, estes agentes da autoridade, por um curso de formação selectivo quanto às suas capacidades intelectuais e de inteligência para saberem interpretar e discernir das atitudes a tomar perante os factos em que devam ou não intervir ?
Dimas Maio

ACÇÃO DA JUNTA DE AVER-O-MAR
















Finalmente entendo que aqui, na vila de Aver-o-Mar, temos homem à altura de assumir, com a devida competência, a responsabilidade inerente ao cargo de Presidente da Junta.
Carlos Maçães, pelo que tenho observado pelos jornais, tem definido um projecto para o desenvolvimento da freguesia e não lhe faltará ânimo para o ingente esforço que lhe será necessário para o levar o cabo. Creio que isto mesmo o tem ele concretamente afirmado pelo trabalho já encetado, no bom caminho e sem hesitações. Arrumou o abusivo caos da feira no Largo do Emigrante e está em vias de mandar vassourar o enorme lixo que se acumula por toda a parte, mormente nos espaços onde se torna mais visível, impressionando muito desagradavelmente os visitantes e nós, os habitantes civilizados, nos sentimos envergonhados, amargurados, senão revoltados, pela incúria, pelo desleixo, a que foi votada a nossa terra
A Câmara Municipal que adquiriu os terrenos à empresa “Maripraia” e tinha já, para aqui, um anteprojecto para uma “intervenção fantástica”, segundo Aires Pereira o que, de facto, me tinha sido, em tempos, pessoalmente anunciado, por outro edil responsável, como coisa séria a concretizar-se “em breve”.Saiu completamente gorada a promessa. Então, tudo foi francamente abandonado. Para quem faz o percurso na marginal Avenida dos Pescadores, a partir precisamente do bar “MARIPRAIA” começam contiguamente ali as ruínas e o lixo que, para norte, têm o seu cúmulo nos espaços que as imagens acima denunciam. É simplesmente deprimente ao espírito de quem quer viver num ambiente de um mínimo de asseio e conforto o estendal de miséria que ali se patenteia. Esta artéria e estes espaços são obrigatoriamente de passagem e de ocupação de lazer para quem a partir do mês de Maio procura as nossas maravilhosas praias. Atente-se só no parque automóvel que fotografei de minha varanda num passado mês de Julho.
Face ao bom começo da acção do nosso jovem Presidente da Junta, fico na boa expectativa de que o seu entusiasmo não desfalecerá frente às dificuldades para que também há-de estar previamente preparado, mormente perante o desinteresse do Município que lhe negará a mínima ajuda porque resolveu voltar-se para outras paragens que colectivamente, pensa, lhe darão maior “glória”.
Esquecem que a principal rota da Póvoa se faz para norte, ao longo e à vistas destas encantadoras praias até à majestosa penedia de Santo André .

Dimas Maio