sábado, abril 29, 2006

INSUCESSO DA DEMAGOGIA

JANTAR DE RECONCILIAÇÃO

Para os anais da vila de Aver-o-Mar há-de ficar registada a reconciliação, ao repasto num bom restaurante, do presidente do Município da Póvoa de Varzim com Manuel Figueiredo, ex-presidente da Junta desta freguesia, na oportunidade das eleições previstas para 9 de Outubro de 2005.
O facto foi, na altura, devidamente noticiado e comentado por um colaborador do jornal “ Póvoa Semanário” . Como não poderia deixar de ser, houve fotografia, que ora aqui se patenteia, para documentar o “notabilíssimo evento” .
O caso é que, Manuel Figueiredo, numa reunião de Câmara, insurgiu-se contra o Dr. Macedo Vieira acusando-o de nada ter feito pela freguesia de Aver-o-Mar, não cumprindo as promessas que lhe havia antecipado por ocasião de eleições anteriores. Mais concretamente, se não estou em erro, invectiva-o por não se dispor a comparticipar a abertura de uma rua no lugar da Boucinha, seu feudo de governação. Fez então pública a sua voz de que voltaria para o partido Socialista e, nesse sentido, carrearia os votos dos eleitores, seus conterrâneos, nas “próximas eleições” .
Nesta contingência Macedo Vieira e seu cúmplice, Luís Diamantino, reservaram a sua demagógica estratégia para o restabelecimento de boas relações com o autarca de Aver-o-Mar, exactamente para as proximidades do último acto eleitoral. O bom resultado do opíparo jantar (imagina-se) estampa-se no rosto dos convivas.
Só que, imprevisivelmente, como se constata, saiu-lhes o tiro pela culatra. O povo cansou-se do cata-vento e derrubou-o do pináculo em que o assentava.
Sabendo-se que a grande maioria do povo da freguesia é, por histórica opção, aderente ao PS, a reflexão tinha de acontecer, face ao descrédito para que foi conduzido o seu eleito favorito.
Confirmo, eu, esta asserção, por experiência própria . Aquando de minha competição, em já remotas eleições autárquicas, ouvia as pessoas, como a quererem justificar a sua não adesão à minha candidatura pelo PS, dizerem : “ aqui éramos todos pelo PS, mas agora votamos no Manel !.”
Faço questão de esclarecer que o Manuel Figueiredo teve a conduta concernente com o que pensava serem e eram os interesses das pessoas que ele, por sua boa índole, quis ajudar, excedendo-se até, em alguns casos, no seu favorecimento. Nesta conformidade, só da acção social se ocupou, desleixando completamente todas as outras áreas em que lhe competia intervir.
Realmente, aquando da campanha que acima referi, se eu chamava a atenção das pessoas para o abandono do ambiente, do impressionante mau aspecto da freguesia, logo recebia a resposta: “a mim, o que me interessa é minha reforma, do resto a gente já está afeita !”
Assim, não por deliberada demagogia , mas por sua maneira de ser, vivendo em inteira correspondência, tu cá , tu lá com os seus conterrâneos, Manuel Figueiredo, o ex-presidente da Junta, se manteria no posto, ad aeternum, não fora o defeito da sua humildade ( vide meu artigo sobre conceitos) que o fez crédulo perante demagógicas promessas.
Em compensação, julgo termos agora à frente dos destinos de Aver-o-Mar um jovem e sua equipa cuja acção inicial indicia uma energia bem orientada para solução dos problemas ingentes da nossa terra. Para tal não irá, o nosso autarca, em promessas e antes fará as exigências dos direitos em que tem sido preterida esta populosa vila com o favorecimento de outras freguesias, bem menos importantes, do concelho da Póvoa de Varzim.
Dimas Maio


domingo, abril 16, 2006

POLÍCIA URBANO, UM CÍVICO


Confronte-se o comportamento verdadeiramente urbano do agente da PSP protagonista do caso autêntico narrado pela autora Laurinda Alves na revista "XIS", editada pelo jornal “PÚBLICO”, que traslado na íntegra (sic), com o daquele outro “bronco” que, no dia 12 de Março p.pdo., investiu em riste contra quem, não havia a menor dúvida, não desrespeitou minimamente a lei e tentou lembrar-lhe que um guarda da segurança pública é acima de tudo, um "cívico" , na verdadeira acepção e por extensão do termo - impõe o cumprimento da lei, com civismo.


Pura Compreensão

“Aconteceu-me há poucos dias arrumar o carro num recorte lateral da estrada , numa rua de eléctricos. Apesar de o carro estar impecavelmente arrumado não reparei que, por ser grande e largo, devia ter ficado estritamente encostado ao passeio para não impedir os eléctricos de circular. Aliás, também não sabia que há eléctricos ligeiramente mais largos que outros, pois o estribo lateral pode ter mais ou menos cinco centímetros e isso faz toda a diferença .
Não sabia e ia morrer sem saber, devo confessar.
Voltando à questão do estacionamento, deixei o carro arrumado, fui jantar com amigos e a coisa entrou pela noite dentro. Demorámo-nos ao serão em conversas animadas e como o restaurante era numa rua perpendicular à rua dos eléctricos, muito lá para o fundo, não se ouviam os barulhos da rua.
Quando saímos havia uma enorme agitação cá fora, com três eléctricos parados em fila, reboque da polícia atravessado na via com as luzes a girar, vários homens de gestos nervosos e pequenos grupos de pessoas que se juntaram à beira do passeio para os comentários do costume. Ingenuamente pensei que nada daquilo tinha a ver comigo, pois o carro estava bem estacionado e, ainda para mais, num recorte lateral. Tinha sido uma sorte encontrar aquele lugar , até.
Fomos andando tranquilamente , à conversa, alheios ao que se passava, e só depois das despedidas, quando fiquei apenas eu e as duas amigas a quem ia dar boleia, é que tive o primeiro sobressalto: será que tudo aquilo era por causa do meu carro ? Apressámos o passo no preciso momento em que os eléctricos começaram a circular e, por isso mesmo, voltei a ficar descansada mas eis que uma das minhas amigas, por ventura a mais corajosa, foi perguntar o que se passava e o polícia dos reboques devolveu a pergunta:
- Este carro é da senhora ?
- Não, mas é daquela minha amiga.
E apontou para mm que, finalmente, me dei conta de que havia mesmo alguma coisa errada com o estacionamento do carro. De repente, com o coração acelerado pelo alvoroço provocado sem querer, mas ainda sem saber a razão de tamanho aparato, fui a correr ter com o polícia que abriu os braços a todo o cumprimento e, sem palavras, pediu com os olhos e um encolher de ombros a confirmação.
- Aconteceu alguma coisa por causa do meu carro ?
- Ó minha senhora, o seu carro é muito largo e muito pesado. Acabei agora de o levantar em peso, aqui com o meu colega, para o chegar mais para o passeio.
- Ai senhor guarda, desculpe, mas eu achei que ele estava bem arrumado.
- E estava ! O problema é que há uns eléctricos que têm o estribo mais largo e não passavam. E eu e o meu colega tivemos que levantá-lo em ombros.
Falava com a voz e a respiração ainda em arritmia, dado o esforço, mas falava num tom educado e muito correcto. E explicava com detalhe a questão dos centímetros que faziam a diferença.
Como os eléctricos já tinham passado, os mirones dispersaram todos, menos um. Aquele que gosta sempre de vera coisa até ao fim e não quer ir embora sem assistir ao castigo.
Consciente de que estava a ser observado ao largo pelo homem desconfiado, o agente dos reboques deu ainda mais uma ou duas explicações, tendo o cuidado de ir escrevendo umas coisas no papel mas, ao mesmo tempo , dando-me a entender que sabia que eu não tinha culpa nem consciência de que o carro impedira o trânsito por uma questão de poucos centímetros. Depois de “picotar” umas palavras abstractas numa folha branca, dobrou o bloco, guardou-o e despediu-se com a mesma educação com que se apresentou quando ainda estava em esforço .
Ainda lhe perguntei o nome e do agente que o acompanhava para lhes agradecer a maneira extraordinariamente compreensiva como trataram da questão. Ele despediu-se dizendo que já estava atrasado para ir não sei onde rebocar outro carro e desapareceu nas curvas da rua. A noite ficou outra vez tranquila e eu fiquei infinitamente grata e definitivamente consciente de que há eléctricos e eléctricos. Agentes de autoridade e agentes de autoridade.”

terça-feira, abril 04, 2006

"SERVIÇOS" QUE NÃO SERVEM

PRACE ( Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado )

O Governo vai extinguir departamentos que persistem em figurar no mapa orgânico do Estado apenas devido à inércia e à força das corporações e interesses instalados.”
“ O mesmo se deve dizer sobre a eliminação da burocracia num vasto conjunto de actos em que famílias e empresas têm sido forçadas a lidar com um estado obsoleto e adversário de quem o sustenta e a quem tem obrigação de servir com rapidez e eficiência”
“ Há promessas de extinção de serviços, fusão de departamentos, descentralização e harmonização territorial dos diversos ministérios, transferência de operações para a Internet.”

Estou completamente de acordo e corroboro as expressões condenatórias sobre a existência de tudo o que agora e já não é sem tempo, o Governo vai corrigir e, sobretudo, louvo a justiça da extinção ou redução de serviços que, parece, para ocuparem o tempo inútil das suas inaptidões ou incompetências, passam a vida a criar problemas aos cidadãos que não podem, como desejariam, afastá-los do seu caminho no cumprimento das suas obrigações legais.

É uma dorida experiência que me dá razão para manifestar o meu aprazimento pelas medidas ora propostas. Prejuízos materiais e danos morais, não de somenos importância, me causaram os Serviços de Finanças da Póvoa de Varzim. Não obstante, o cuidado escrupuloso em cumprir os meus deveres contributivos, dando sempre conta, documentalmente, de todas as alterações de meus valores imobiliários e rendimentos, cheguei a ser tratado, por aquela Repartição, com o mesmo descrédito que mereceria um relapso faltoso.
Relembro a denúncia, repetida, que então publiquei no jornal “ O COMÉRCIO DA PÓVOA DE VARZIM” de como me penhoraram o carro à conta de uma dívida gerada pela negligência de ineptos funcionários dirigidos por um chefe que, tudo leva a crer, desconhece o que se passa fora de seu gabinete, donde jamais o vi sair de todas as vezes que esperei, numa fila, para um simples atendimento por um qualquer funcionário a despachar maquinalmente.
Durante aproximadamente um mês, não pude utilizar a minha viatura , temendo a sua apreensão pela polícia. Só ao fim de várias denúncias públicas, em termos vazados pela minha indignação, recebi 2 ofícios desencontrados quanto às suas proveniências que ma comunicavam:
"Em cumprimento do despacho de 8 de Outubro de 2004, do chefe de Finanças de Póvoa de Varzim, informo V.Exa. que foi ordenado o levantamento da penhora que havia sido efectuada sobre o veículo com a matrícola 03-06-Fl que , por assim se encontrar liberto do ónus que sobre o mesmo pendia, poderá voltar a circular, de imediato. Mais informo V.Exa. que nests data foi efectuada a comunicação de igual teor às autoridades de trânsito competentes " (sic").
Assim, sem mais nem menos; nem justificação, nem pedido de desculpa !...
É lógico que a polícia ficou a pensar que eu devia e paguei uma dívida às Finanças. Até que ponto isso não ficaria oficialmente registado...
Esta foi a ofensa mais grave de todas; mas houve e continua a haver mais... Estou à espera do reembolso de uma importância que me foi "cobrada indevidamente" na contribuição autárquica referente ao ano de 1998. Foi reconhecida a minha reclamação, só que, em "2004-10-26" inventaram-me outras dívidas e comunicaram-me eentão : " o valor do crédito apurado foi utilizado para compensação total e / ou parcial de dívidas abaixo discriminadas: ( segue-se a manifestação asnática).
Voltei à repartição para, documentalmente, mais uma das muitas vezes, mostrar-lhes o disparate, não sem ter o cuidado de, como sempre, apresentar a reclamação por escrito e a devida cópia, para levar o carimbo com a data do recebimento do original. A data é: 17/12/2004. Para minha "tranquilidade", logo ali, tiveram o desplante de me iformarem que a "coisa assim levaria o seu tempo" . E não é que os bruxos adivinharam ?! Imagine-se, estamos em Abril de 2006 ! Dizem-me que, nestes casos pagam juros de mora. Sérá ? Tenho fé que ainda viverei para o poder confirmar !
É caso para pensar que, como lá não mais voltei e não tenho reclamado, esperam que me tenha esquecido e considerem o caso arrumado. No entanto, custa-me a crer que a ingenuidade seja mais um de seus geniais atributos.
A verdade é que tenho vindo a adiar a reclamação só porque, não me sinto com a calma de espírito necessária para o fazer em termos meramente formais. Mas descansem, que não perderão pela demora !
Ainda bem que , entretanto, não tenho tido mais necessidade de tratar nada directamente com o " Serviço de Finanças da Póvoa de Varzim" . Declarações e liquidações, tudo faço pela Internet. E assim chegou, parece que, de vez, o meu socego.
Não é um simples desabafo o que deixo exposto. Estou a pensar : quantas pessoas modestas, de pouco ou nenhuma informação, não terão sido lesadas por esta maldita complexidade burocrática de "serviços" que não servem ?