sexta-feira, março 21, 2008

. I N A U D I T O !!!

......Há já tempos que eu me sentia tentado a transmitir a minha opinião acerca do recente comportamento dos professores. Porém, o constrangimento pelo que eu pensava ser uma denúncia condenatória de uma classe profissional que foi a minha, me quedou até hoje.
......Até hoje em que o desdouro público da imagem mostrou a nudez forte da sua real condição. Realmente, como foi possível um professor chegar a este estado de degradante humilhação ? Por culpa própria, ou influência alheia ?
......Na minha análise, as duas razões se equivalem.
......Vem muito detrás, no tempo, a progressiva deterioração do prestígio da classe docente.
......Recentemente, foi o culminar da falta de decoro, naquele cortejo de figuras vociferando, na rua, de fúria contra quem cabe o direito, como o dever, de reerguer o edifício da educação cuja ruína progressiva muito mal estava a causar ao país. Para alguns pequenos exemplos, muito à vista, atente-se nos famigerados “horários zero”, a fácil consecução dos “destacamentos” para ficarem próximos de casa e faltas sistemáticas, mediante a apresentação dos oportunos atestados médicos. Assim, o desleixo ia grassando e o sentido do dever profissional, a tão nobre missão de educar, ia sendo postergada pela aparente atitude do menor esforço na aplicação ao trabalho que, de qualquer modo, era apenas um emprego razoavelmente remunerado.

......Quando digo que a degradação da classe de professores vem desde há já muito tempo, estou a pensar no ambiente da escola em que era professor aquando da revolução de 25 de Abril.
......Leccionava eu então na Escola Técnica de Monserrate, em Viana do Castelo. Partia de manhã para iniciar o meu trabalho normal cerca das 9 horas, almoçava num restaurante das imediações e à noite dava aulas a jovens “estudantes - trabalhadores”. Regressava a casa por volta das 22 e 30, sempre satisfeito da minha tranquila e meritória ocupação.
......Até que… acontece a balbúrdia do após “revolução dos cravos” . Logo ali se constituíram grupos de várias tendências políticas. Os mais notórios, pela sua agressividade, tinham de ser… os mais à esquerda : o M.E.S, o Comunista e, já não estou bem certo, talvez, o M. R. P.P:
......Começaram por sanear os professores mais antigos e competentes, sem outro motivo que não fora o de serem mais exigentes e rigorosos para com os seus discípulos.
......Incitavam os alunos a ocuparem a sala dos professores a pretexto da “inadmissibilidade de guetos” , não obstante aqueles terem um amplo salão onde havia, recordo, mesas de ténis e até um bar, que nós não tínhamos. À noite, o espaçoso átrio do edifício era invadido por jovens alheios à escola e ali descobriram um óptimo espaço para namorarem e exibirem os seus dotes musicais. Por esse motivo, algumas moças minhas alunas, começaram a faltar frequentemente às aulas.
......Compostura, passou a ser termo sem significado. Recordo que, numa aula de francês, à noite, por não ter deixado entrar um aluno com o boné na cabeça fui censurado pelos tais colegas, os de esquerda . – “Isso que diferença te fazia. Havia algum prejuízo da tua aula” ? ….

......Pois, no meu entender, são estes, os de esquerda ,que pelos partidos e através dos sindicatos que dominam, apostam na destabilização e, para tal, temos de confessar, são excelentes organizadores.

P.S. - Sobre este assunto, veja-se o texto de Libânia Ferreira, "ASSIM, NÃO !" no Link : GARATUJANDO

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terça-feira, março 04, 2008

P O S T A L. D O "A R D I N A"

. ...................(..clicar sobre a imagem
......Joaquim Ferreira da Silva – o “ardina” - é figura sempre presente no encontro de escritores de expressão Ibérica - “Correntes d’Escritas”
......Sabendo de meu apreço pela suas pequenas poesias, teve a amabilidade de me enviar este “postal”

......Poesia é metáfora. Aqui é o MAR subjacente à emoção que nos transmite.:
Fevereiro das “Correntes” – correntes do mar da Póvoa ;
......E o dístico: Sementeira d’Esperança / De ir e voltar… Das correntes se espera a ida e a volta, de quem?
Bem-vindos, Amigos !... Refere-se aos escritores.
......O dístico: Abraçar a Vida/ Recordar a Dor… A arte é um abraço à vida. Mas o poeta tem na sua memória o sofrimento : Fevereiro, o mês da grande catástrofe ! Ali, ao entrar da “barra” à vista das mulheres, das crianças e dos velhos , as correntes sumiam os corpos dos maridos, pais e filhos de toda aquela gente acumulada na praia soltando gritos lancinantes de atroz desespero. ......Escrever o Mar - O “ardina” fala-nos dos “postais da Póvoa nos meus diálogos com o Mar”.