quarta-feira, agosto 15, 2007

AVER-O-MAR - CALCANHAR DE AQUILES DE MACEDO VIEIRA

(clicar no recorte, antes de mais, para o poder ler)
(bajulação versus subserviência )

Não será um mero exercício de redacção para revelar pretensos dotes de escrevedor, o texto que começo a delinear, preocupando-me, tão simplesmente, com a clareza do objectivo que tenho em mente e esse é da justiça do cidadão consciente da reciprocidade dos deveres a que escrupulosamente se obriga a cumprir, e a contrapartida dos direitos que lhe assistem.

É da justiça democrática a livre intervenção da pessoa , para o louvor ou a apreciação desfavorável das entidades com responsabilidades na administração pública, não só da gestão da propriedade pública, que lhe é confiada, como das acções e relacionamento oficial, com outros órgãos de poder, no espaço em que se insere o seu exercício administrativo

A minhas manifestações elogiosas ou de desagrado têm sido, e serão sempre, pautadas pela honestidade de um espírito independente, livre de favores de que não tenho precisado. E, dos amigos, se são sinceros, conto sempre com o seu bom entendimento, considerando a estima em que os tenho, independentemente dos louvores ou críticas que circunstancialmente me mereçam pelos actos de responsabilidade pública de que sejam os principais agentes.
A maledicência gratuita não é da minha conta. No entanto, não deixo de exercer a frontalidade, usando a propriedade ou adequação dos termos à importância ou gravidade , que entendo considerar, de cada caso.

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Esta versão do “ Arranjo da Marginal avança em Janeiro” é de tal maneira estranha que entendo ser impossível que alguém a aceite como credível .Seria esta a tal intervenção fantástica prometida por Aires Pereira, aquando da proximidade das últimas eleições autárquicas? É realmente fantástica, na rigorosa acepção do termo! É fantástica porque, pelos elementos fornecidos , não se vislumbra como será concluída. É coisa para se ir fazendo, ou fingir que se faz, não para se fazer, porque on va travailler par des “ tranches” – corta-se às “fatias” fininhas, como de presunto se tratasse . A promessa assim, não compromete o promitente. Que bela astúcia !
E, mais …Imagine-se que a Câmara vai investir no projecto a fantástica ( no sentido ,hoje, usado e abusado do termo) quantia de “três milhões de euros” ! Será possível tal desperdício, em Aver-o-Mar de seiscentos mil contos? Que loucura ! . “E este projecto engloba a execução de dois blocos de apartamentos no sítio onde está o campo de futebol , para realojar as pessoas que têm as casa a poente da Marginal.” (sic) . - Será assim como um pequeno bairro de deslocados. E quem serão, eles ?
Pelos vistos, começar-se-ão a demolir as casas, incluindo os dois estabelecimentos: o bazar e a pastelaria na rua(?) do Farol e, enquanto não forem construídos os blocos de apartamentos, os proprietários ficarão instalados num hotel, a expensas da Câmara, exactamente como os retornados das colónias. Ou, como será, então?

Por este desconcerto, seria de sufocar de riso, não fora, pelo contrário, a indignação que tal provoca no espírito de quem vê repetida a comédia do logro em que foi comparsa inconsciente aquele que, vítima da sua humildade e boa fé, foi afastado da cena pública em que durante vários anos foi actor aplaudido ( vd. post, “insucesso da demagogia,” archive 29 Abril)

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Aver-o-Mar tem sido a freguesia mais abandonada do concelho. Atente-se no contraste flagrante, ou melhor, chocante, que esta terra mostra em confronto com a cidade. A nomeada vila começa, exactamente no termo da pedonal de Lagoa, início da Avenida dos Pescadores. Em vão podem teimar que o seu começo está sinalizado pelas placas do Benvindo,(1) de Aver-o-Mar ( Benvindo é nome de pessoa e o meu amigo “Benvindo das Santas” já faleceu, há muito tempo.).
Repare-se que a Câmara apenas deixa de fazer a manutenção da cidade a partir da Avenida dos Pescadores. Portanto, as marcas do abandono começam aí, na real vila das históricas ruínas.( vd. archives 4 Maio, 207)

O campo de futebol de pó de calcário (que outra freguesia, tem este luixo ?) na beira da estrada, é uma das grandes nódoas do ambiente. Nos tempos secos e de calor o pó que os remoinhos de vento levantam sobe até ao último andar dos edifícios próximos , entrando pelas janelas, conspurcando tudo no interior dos apartamentos. E eu sou uma das vítimas!
Desgraçadamente, a “força do Dr. Macedo Vieira (presidente da Câmara)” não dá para resolver este problema, enquanto não houver necessidade da “execução de dois blocos (de apartamentos), no sítio onde está o campo de futebol para realojar as pessoas que têm as casas a poente da Marginal” (sic.).
Imagine-se, só, o maior disparate urbanístico que este bairro de deslocados representaria, ali, em cima da praia e junto à boca do esgoto do esteiro, se não fosse apenas o complemento da promessa “fantástica”.

O tempo passou em que Macedo Vieira estava todo voltado para o litoral de Aver-o-Mar. Recorde-se os placares que diziam, mais ou menos, isto : “a cidade já não cabe aqui” e apontavam para norte, para Aver-o-Mar.
E Luís Diamantino, na Câmara, falou-me, entusiasmado, da tal intervenção fantástica nas praias desta vila. Havia já um ante-projecto e, não esqueço que, do respectivo equipamento, constava um luxuoso hotel onde, agora, se faz um enorme parque, acumulando, no Verão, toda a sorte de carros, desde ligeiros até aos TIR. - Coisa, muito feia e poluidora, aquela, mesmo em cima da praia !

Surpreendentemente, não sei por que cargas d’água, Macedo Vieira girou, como um cata-vento, para nascente e lança-se , com grande propaganda do seu ego, para uma imponente urbanização que tem por motivo central o almejado parque da cidade, que , inegavelmente lhe confirmará o majestático poder.

Por vezes, confesso, gosto de recorrer à ironia para dar um pouco de humor e mordacidade à minha crítica, mas, neste caso, embora com um pouco de pretensa graça, estou a ser honesto e sincero na apreciação da obra do presidente Macedo Vieira. A maioria dos poveiros manifesta-se agradada com o seu desempenho e eu não discordo em absoluto. Mas, reconhecendo, embora, o valor do seu trabalho, considero, alguns planos discutíveis que o deveriam ser, concretamente e com a devida consideração do seu parecer, pelos intervenientes para tal credenciados.

Devo dizer que estou contente por ver a terra onde tive o meu berço, sempre remoçada e cada vez mais sedutora , sempre em festa, toda se requebrando, em cada época turística. E constata-se, em cada ano, o aumento de seus encantados visitantes.

Agora, o reverso da medalha:

Volto a Aver-o-Mar, e aqui, a outra terra onde, desde muito pequeno, tenho a minha morada, constituí família e gosto de viver, o sentimento é de revolta e, como alguém disse, um dia, assiste-me o direito de manifestar a minha indignação. Indignação pela injustiça do abandono a que foi deliberadamente deixada, esta que poderia ser também ,urbanisticamente, uma linda vila, pois que, de natureza, já o é.

Para aqui, a fraqueza ou o artifício da bajulação não surte efeito. Pelo contrário, exacerba, sim, a propensão para o egocentrismo do senhor que se entende dominador do que julga ser o seu universo. Estarão ao seu serviço as pessoas que giram à sua volta como de serviçais se tratasse.
Daí, se conclui: bajulação versus servilismo.

Finalmente, em face do que deixo exposto, se há uma oposição disposta a lutar pela solução dos problemas do concelho que não pela mera oportunidade ou correcção, sempre discutível, das obras da cidade, onde dificilmente encontrará suficiente aderência para o seu evidente objectivo, é para estes lados que o terreno não poderá deixar de lhe ser favorável. A questão está em saber conduzir a batalha.
Este é o calcanhar de Aquiles do herói Macedo Vieira !
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(1)
Errare humanum est, - (errar é humano)
Sed, insipientis est in errore perseverare – (mas, é de estúpido persistir no erro)

Não existe o verbo benvir em português, logo, não há o participio passado benvindo
Em francês há o verbo bienvenir usado somente na locução se faire bienvenir,
E como saudação : soyez le bienvenu(e) ou, simplesmente, bienvenu(e) daí, talvez o decalque para a nossa língua, benvindo, que é erro crasso.

Sei que é muito repetida, por aí, essa asneira, mas, por favor , emende-se aquela manifestação de analfabetismo de uma vez por todas.
- Escreva-se, BEM-VINDO !
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segunda-feira, agosto 13, 2007

AVER -O- MAR - RECORDAÇÕES IV

( clicar na imagem para ampliar)
Eis o típico “seareiro” de Aver-o-Mar, o trabalhador da terra e do mar !
No meu post ( Maio de 2006), tenho definido, com pormenor e algum colorido, o que entendo ter sido esta árdua labuta pela dignidade de uma independência económica, o que, nos tempos de hoje, se diria fantástica, por a julgarem incrível, na sua dureza inimaginável.

Este, se a foto não me engana, era o “tio Manel Caxineiro”, talvez, há 40 anos. Tem a carroça carregada de sargaço apanhado em qualquer praia, muitas vezes bem distante . Naturalmente irá “acamá-lo” , no areal, ao sol e, logo que seco, o “empadelará” e fará um “monte” como os que se vêem na imagem.

Na altura devida, recarregá-lo-á, na mesma carroça, para adubar a terra, cuidadosamente amanhada para a plantação da batata.

Nota : Agradeço ao meu amigo Manuel Lopes – sepolleunam@hotmail.com , -“indígena desta terra” o envio do e-mail, do qual recortei a imagem.

sábado, agosto 11, 2007

A V E R -O- M A R - RECORDAÇÕES III

(clicar na imagem)
Ó MINHA ALDEIA QUERIDA !

Ó minha aldeia singela,
Quando o sol te vem beijar,
És de todas a mais bela
Que ficam à beira-mar.

Vão p'ra a faina labutar,
Pescadores nos seus barquinhos
E contentes vão ganhar
O pão para os seus filhilhos.

Estribilho:
Ó minha aldeia querida ,
Como tu não há igual,
És a terra mais florida
Deste lindo Portugal ! (bis)

Lindas moças trabalhando
Na terra como no mar
A seus amores vão falando
P'ra vida continuar .

E ao toque das trindades ,
Quando o dia terminar,
Minha aldeia em oração, ´
É um perfeito altar !

Enviado por Manuel Lopes - sepolleunam@hotmail.com


sexta-feira, agosto 10, 2007

A V E R -O- M A R - RECORDAÇÕES II

(clicar na imagem )
CONJUNTO TÍPICO ALA-ARRIBA ( há 40 anos )
-ano da criação - 1966
-ano da extinção - 1981
(com alguns hiatos ao longo da sua existência, tendo sido o maior entre 1979 e 1981)
-24 temas gravados em 6 discos comerciais (singles) entre 1970 e 1977.
«Fundado por Eduardo Travessas , Acácio Novo, José Bento, entre outros, este conjunto típico averomarense teve no seu elenco mais de meia centena de tocadores e cantadores que, durante a existência do grupo, fizeram as delícias, não só dos seus conterrâneos como também de milhares de ouvintes e espectadores, presentes nas dezenas de actuações, de norte a sul do país.
Adélio Lopes Ferreira era o director e, também, o compositor.
Inscrito na Sociedade Portuguesa de Autores , compôs dezenas de letras que, depois, eram musicadas em conjunto - 24 das quais gravadas e discos comerciais : Alvorada (5) e Raposódia (1). Das quais destacamos " Ó Póvoa Querida" "Cego do Maio" "Romarias da Assunção " e " Festas de Santo André" »
.
Enviado por Manuel Lopes - sepolleunam@hotmail.com

segunda-feira, agosto 06, 2007

A V E R - O - M A R - RECORDAÇÕES

( clique na imagem para aumentar)
Publico, sem qualquer observação de minha parte, o e-mail que recebi:

«Sou o Manuel Lopes, indígena desta Terra há 51 anos, seu vizinho, ex-promotor da cultura (cá no burgo) um dos fundadores do Grupo Cultural e Recreativo de Aver-o-Mar, em Abril de 84 - Se bem que tudo tenha começado logo a seguir ao 25 de Abril de 1974.
Pesquisava, na net, algo sobre AVER-O-MAR e, de repente, dei com o seu blogue, “MAR DE MAIO”!
Fiquei um pouco surpreendido, pois não sabia que ele existia mas, não é
para admirar pois, só há pouco tempo instalei a Internete.
Li e gostei! Parabéns pelos alertas, oportunos e pelas verdades vertidas no mesmo. Pena que não seja acessível (penso eu) a quem precisava de os ler.
Escreva também sobre a falta - gritante - de actividades culturais de que esta terra enferma, para que, quem de direito, possa acordar desse "sono profundo" que há muito impede as pessoas de verem.
Caro amigo, peço desculpa pelo tempo que lhe tomei .
Mando uma foto do passado. Um abraço para si e....continue assim!!! »

. . ."AVER-O-MAR COMO ÉS BELA ! ..."

(clicar para aumentar a imagem) - foto tirada de minha varanda
Panorâmica das praias do norte de Aver-o-Mar, a partir do "Moinho Luisa Dacosta", vendo-se ao fundo a pousada de Santo André.