sexta-feira, junho 30, 2006

A HONRA A QUEM É DEVIDA

Armando Marques

O nosso Município, todos os anos, no dia consagrado à celebração da ascendência da Póvoa à categoria de cidade, sempre, em actos solenes, tem prestado justa homenagem a quem, por algum modo relevante, haja notoriamente revelado um notável afecto a esta sua terra de nascimento ou de eleição.
Entre os enaltecidos, este ano, merece-me especial congratulação o velho amigo Manuel Silva Pereira. Pelo seu apego altruísta à nobre missão da Misericórdia, ele é incontestável merecedor do galardão recebido: “Medalha de Cidadão Poveiro - grau prata”.
Ao registar aqui a minha satisfação pelo acto que honra este meu amigo, ocorre-me mencionar, como igualmente digno de ser nomeado publicamente, outro a quem muito estimo pelo seu carácter; poveiro íntegro, alheio a partidarismos quando é à Póvoa que ele se dedica inteiramente. De longe, no tempo, eu venho observando o seu esforço meritório em prol da terra onde se sente orgulhoso de ter nascido: Poveiro de gema , segundo a sua própria expressão.
Tem sido mais de bastidores do que de cena a sua acção. Por isso, não tem aparecido, com a merecida frequência, à ribalta, no magno palco da nossa cidade.
Como responsável, pelos Serviços de Turismo, exerceu a sua actividade com inexcedível profissionalismo. O coração sempre lhe estimulou a mente para a acção. O dever sempre lhe foi imposto pelo arreigado amor à terra de seu berço.
A eficácia de muitos eventos se deve à sua capacidade organizativa. Com o constante objectivo da promoção da Póvoa, sempre prestou, com o maior empenho, a sua colaboração às entidades que aos Serviços da sua responsabilidade recorriam.

Vem a propósito, nesta altura das “festas da cidade”, dizer de como, o meu dilecto amigo às mesmas, está reconhecidamente associado:
Ele foi o colaborador destas festividades, consagradas a S.Pedro, desde a primeira iniciativa municipal, em 1962, tendo sido o apresentador do primeiro cortejo do mar, cooperando com a “Comissão de Iniciativa”, então constituída através dos Serviços de Turismo de que era responsável. E, desde então, empenhou-se na continuidade das respectivas organizações, escolhendo os colaboradores para o trabalho em equipa, até à sua aposentação em 1987.
É óbvio que se trata, exactamente, do Armando Marques, a quem, há dois anos , no jantar de aniversário do Rancho Poveiro, na Estalagem de S.Felix, foi concedida a salva de prata da Câmara , com a legenda de gratidão e brasão da cidade, em dourado e, ainda, o distintivo de ouro do Rancho ( um par dançante) pelo Dr. Macedo Vieira, comemorando 50 anos de sua ligação funcional e afectiva àquele Grupo Folclórico.
Que esta minha modesta, mas sincera, homenagem ao Armando tenha a repercussão com o objectivo que, se advinha, eu pretendo.

Dimas Maio ( dimasmaio@netcabo.pt )

domingo, junho 18, 2006

Sinto-me verdadeiramente empolgado na leitura das obras de Luísa Dacosta. Seus textos são autêntica prosa poética São metáforas de luz e som; arte de pintura e de harmonia musical.
Isabel A. Ferreira diz no seu Preâmbulo do livro “Luísa da Costa - no sonho, a liberdade” : (...) Foi a partir de então que comecei a render-me à força da narrativa de Luísa, límpida e ausente de lugares-comuns e parti para a descoberta daquela que escreve como quem faz renda, arrancando da palavra/bilro novas sonâncias encantatórias, que em nós ficam ecoando como vozes longínquas. Escrita/ pintura feita de palavras de água púrpura, rósea, anil, violeta que transforma os textos em recriadas aguarelas, e molda paisagens, seres, emoções e sentimentos...
“NA ÁGUA DO TEMPO – DIÁRIO” é um pouco da sua biografia, coligida de notas, de seus papeis arrumados pelas gavetas. Anotou, como por acaso , alguns factos que, por algum modo, entendeu dever registar. São coloridas peças literárias . A partir do ano 1948 até 1987 fala de suas numerosas viagens e estadas, casas onde morou, e A VER-O-MAR é uma das suas mais vincadas referências.
Para confirmar a riqueza metafórica da sua prosa poética, apenas uns pequenos excertos do prefácio que Luísa Dacosta, ele própria escreve:
Na água do tempo, um olhar naufragado. Nos limos das profundezas, que guardou da poeira dos dias ? Pouco... e ansiava a Luz. Nada tinha ficado do peso insuportável da desolação. Nada da gota, breve, da alegria (...)
(...)
O que era o amanhecer, lunar , das colinas do seio comparado às profundidades, nocturnas, do que estava para além dos sentidos: as dormências do que não sabemos pelo olhar e pela metáfora e são tumultuar obscuro? E depois, como decidir, era a sede dela que ele bebia, ou a sua própria sede que acalmava e procurava estancar ? O “outro” existe realmente ou somos ainda nós ? Ah! Tão apetecido corpo e tão talhada alma ! Noutras casas, depois noutros andares, que lhe mostrava o seu espelho interior ? (...) - Luísa Dacosta refere-se, muitas vezes, em e a terceira pessoa. Como que exista outro ente em seu próprio corpo.

quarta-feira, junho 07, 2006

Durante algum tempo, nada tenho publicado neste meu blog para que fique bem patente a intenção de prestar a minha homenagem à insigne escritora Luísa Dacosta.
Com pesar, constato falta de apoio à minha sugestão para que se cumpra um dever de gratidão que a freguesia tem ignorado, sem culpa, em virtude da cerrada incultura dos que têm sido seus responsáveis.
Alguém, que julguei mais informado, a quem tentei recorrer, não o sabia de tão desproporcionada importância que não merecesse eu, pobre de mim, uma diminuta atenção , já que o objecto da minha proposta lhe deveria ser particularmente grato.
E o que eu pretendia, para honra desta terra , agora titulada de vila, era, tão-somente, o topónimo “Luísa Dacosta” para a avenida marginal que abeira o que foi o seu moinho, berço privilegiado das suas criações literárias e de que ela revela, doridamente, no seu “Adeus!” o grande desgosto de o abandonar .
Em outro meu blog , “Flores de Maio”, que pretendo reservar à arte literária, tentarei prestar o meu modesto tributo à autora de preciosos textos que, justo, mereceriam uma maior divulgação e, aqui, em A ver-o-Mar poder constatar-se a honra do prestamento público de sua homenagem.