sexta-feira, agosto 29, 2008

O APARATOSO DESALOJAMENTO DO PADRE ÂNGELO

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......Para o fundamento e a verdade do meu anterior texto aqui se expõem as fotos que patenteiam o espantoso assalto ,por uma desmedida força da G.N.R. à residência paroquial de Aver-o-Mar , como se tratasse do reduto de um grande facínora. Afinal tratava-se tão-somente de desalojar o Padre Ângelo, cidadão pacíico e respeitador das leis.
......Todo aquele aparato para assustar, não o Padre Ângelo que sempre mostrou destemida firmeza na sua resistência à injustiça, com fundamento na reconhecida razão que lhe assistia, mas o povo que se pôs incondicionalmente ao lado do seu pároco.
......Caricato, poderia dizer-se daquele alarde de força descabida se não causasse tanto sofrimento às pessoas simples que não compreendiam e não aceitavam que, daquela maneira violenta, expulsassem o seu sacerdote que tanto estimavam.
......Lendo o livro "O ESCÂNDOLO DE AVER-O-MAR, cheguei à conclusão que,em grande parte, a degeneração em conflito se deveu à incongruência e tergiversação do Arcebispo Primaz de Braga.
......O motivo da discórdia, o busilis da questão,foi uma questão de terreno da área, imagine-se,de 5,32 m.2, do adro da Igreja disputado pelos contentores. Daí começou o desentendimento e que depois teve outros desenvolvimentos, que seria fastidioso aqui referir.
......Não quero deixar de referir aqui, com agradecimento, o comentário de "o rouxinol de Bernardim" a declarar a sua solidariedade na "MIMHA HOMENAGEM AO PADRE ÂNGELO". no seu blog : http://www.rouxinoldebernardim.blogspot.com/
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domingo, agosto 24, 2008

MINHA HOMENAGEM AO PADRE ÂNGELO

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..... Morreu o Padre Ângelo !

.....Foi assim, com esta pedrada via e-mail, pelas 20 horas do dia 15, que o meu amigo Manuel Lopes Neves, sentidamente de sua parte, se obrigou a atingir-me para cumprir o dever de solidariedade que o sentimento da verdadeira amizade nos impõe.
.....Manuel Lopes deverá estar bem informado dos testemunhos da minha lealdade, em tempos conturbados , ao homem que eu admirei pela sua
incomensurável coragem de dizer NÃO à
injustiça . Com grande dignidade negou a cobardia
e desafiou a hipocrisia reinante.
.....Devia obediência ao seu bispo e abandonar a paróquia, diziam os submetidos aos caprichos dum poder que se pretendia afirmar contra a força da hombridade assente na virtude da inteira dedicação ao seu dever sacerdotal.
.....Era o povo humilde que louvava o seu padre e menosprezava os detentores do poder local. Daí, o despeito gerador do grande conflito .
.....Era ainda o tempo da ligação siamesa da Igreja à Ditadura e, consequentemente, a correspondência de privilégios entre os órgãos em
destaque, em benefício do tronco comum.
.....Em Aver-o-Mar os católicos praticantes, os que mais frequentavam a Igreja e eram estimados pelo seu pároco, pertenciam, na sua maioria, às classes economicamente mais débeis.
.....Recordo como tudo começou e explico a minha involuntária envolvência no conflito:
.....Certo fim de semana (não posso precisar a data), já noite adentro, estava eu num recanto da sala da que era então a minha vivenda, ocupado na preperação das minhas aulas.Leccionava , na altura, na Escola Secundária de Monserrate em Viana do Castelo. Recordo-me que estava em .pijama. Minha mulher já se tinha recolhido
e dormia, por certo, não se deu conta do que aconteceu e só na manhã seguinte lhe contei:
.....Do silêncio da noite irromperam gritos de aflição. Chego à porta e deparo com militares da G.N.R. à carga, desferindo coronhadas nas costas das pessoas a fugir. Num ímpeto de raiva por tamanha barbaridade, corro a aproximar-me daqueles autênticos cães de fila, reprovando-lhes vivamente a atitude:
- Não se carrega assim sobre pessoas indefesas !
- Está aqui, está a apanhar também! - responde um dos brutos
- Então força, mas terá de ser pela frente ! Quero ver a sua valentia!
.....Entretanto, o cabo, comandante da patrulha, menos estúpido, tenta convencer-me da razão da sua atitude, argumentando que foram vaiados quando passavam no Jipe. Retorqui-lhe com a insensatez da carga. Isso não justificava a brutalidade das coronhadas sobre mulheres e crianças.
.....Entretanto, durante o diálogo, um dos soldados pôs-se a meu lado e ia-me dando furtivas caneladas. A intenção era provocar-me alguma irreflectida atitude, de modo a justificar de sua parte, uma mais violenta agressão.
.....Chamei a atenção do comandante para aquela cobardia e retirei-me, não sem antes o informar que ia telefeonar para alguma entidade mais responsável.
.....E assim fiz:
.....Entrei em contacto com o Presidente da Câmara, Dr. Arriscado Amorim que me atendeu com a sua peculiar gentileza. Explicou-me que tinha dado instruções à patrulha da G.N.R. para não exercer qualquer violência desnecessária e se limitasse a observar o ambiente, procurando apenas evitar o confronto entre grupos adversários. Seria essa a sua exclusiva missão. Só que, a Guarda Republicana já havia manifestamente tomado o partido dos inimigos do padre Ângelo -disse-lhe eu. Informou-me então que ia telefonar para uma tasca onde os guardas receberiam instruções, de sua parte. para regressar ao quartel.
.....Voltei aos meus vizinhos, para lhes comunicar o diálogo que tive com o Presidente da Câmara, para os acalmar. Entrementes, o jipe passa na estrada, de regresso a casa, já se vê . Roguei então às pessoas que ficassem de bico calado, pois eu assumiria a responsabilidade, pondo-me à sua frente, em destaque, bem patente aos faróis.
.....E assim se fez. O carro passou devagarinho e ninguém tugiu nem mugiu. Todo o mundo se foi então pacatamente embora .
.....Só que, para mim, o pesadelo começou naquela hora. Não havia passado uma semana, recebo em minha casa uma embaixada que me convence, sem custo, diga-se de passagem, a entrar na contenda. Assumo o meu lugar por uma causa que entendi justa.
.....A seguir veio o padre Ângelo que gostei de conhecer e dele fiquei amigo para sempre.

....Breve, acontece o 25 de Abril e então foi o que se viu e constou. De alguns momentos da luta tenho as fotos que o documentam. Só falta dizer que, por pouco, não fui completamente linchado. Valeu-me a utilização de arma de fogo e tive de ferir alguém em legítima defesa.

Apresento este documento, para que se saiba, de uma vez por todas, que não entrei na guerra de ânimo leve e, sobretudo, para prestar a minha justa homenagem ao sacerdote cuja firmeza de carácter me fez seu incondicional amigo.
..................................................Paz à sua alma ! demente